Bloco da Cedae que não foi leiloado passará por nova licitação até o meio do ano
Altos índices de inadimplência e forte presença de milícias foram alguns motivos que desmotivaram empresas
Mesmo após o leilão da última sexta-feira (30), que arrecadou mais de R$ 22,6 bilhões com três lotes concedidos à iniciativa privada por 35 anos, na Bolsa de Valores de São Paulo, um deles não atraiu interessados e continuará gerido e operado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Ele envolve parte da Zona Oeste e um conjunto de outros três municípios e deve ser relicitado em breve.
O bloco três era o mais barato do grupo a ser ofertado, com valor mínimo de R$ 908 milhões. Apenas o consórcio Aegea tinha se interessado por ele, mas retirou a proposta depois de obter a concessão dos dois maiores lotes ofertados, o bloco um, que abrange a Zona Sul e mais 18 municípios, e o bloco quatro, que compreende a região central do Rio e mais oito cidades da Baixada Fluminense. Este último teve o maior ágio de todo o pregão: 187,75%.
Um dos motivos apontados para o baixo interesse na região do bloco três é a forte presença de milícias e o alto índice de violência. Segundo o Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, feito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade de São Paulo (USP), pelo menos três dos seis municípios apresentam atividade de grupos paramilitares. A Zona Oeste da capital é, segundo o mapa, a região do Rio com a maior presença de milícias.
A inadimplência foi outro fator que desmotivou ofertas. Mais de 28,8% da população da região está com dívidas. Além disso, a concessão no bloco era apenas para distribuição. O tratamento de esgoto já é feito em toda a área pela empresa Zona Oeste Mais Saneamento, que tem uma concessão de 30 anos em vigor desde 2012.
O secretário estadual da Casa Civil, Nicola Miccione, afirmou, em coletiva de imprensa após o leilão, que vê a situação do bloco três como uma “oportunidade”. O lote será relicitado até o fim do semestre e o governo do estado avalia a inclusão de outros municípios no bloco para tornar a concessão mais atraente. A expectativa é de que algumas das 30 cidades que não quiseram entrar no primeiro pregão reavaliem a decisão. A Cedae atende mais de 64 municípios, desses, apenas 35 aderiram ao pregão.
*Sob supervisão de Stéfano Salles