Bike no lugar de van? Startup usa bicicleta para fretes de até 100 kg
Fundador e CEO da empresa, Victor Ferraz afirma que produtividade é a mesma de um dia de entrega de uma minivan
O uso de bicicletas para entrega de comida e pequenas compras ganhou tração durante a pandemia. Até aí, não há nada de inédito. A novidade é uma bike capaz de transportar até 100 quilos e se equiparar à produtividade de uma minivan.
Essa é a mais nova iniciativa da EcoBike Courier, uma startup de Curitiba (PR) que se autodefine como a “maior empresa de entregas sustentáveis do Brasil”. Presente em outras 21 cidades, a empresa trabalha desde 2011 com serviço de pequenos fretes, mas, somente em 2020, após uma viagem do fundador ao exterior, passou a operar com a “superbike”.
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“Quando visitei Londres, Paris e Lisboa, vi que lá é super comum esse tipo de transporte. Então, trouxe esse conceito para cá e mantive o foco em distribuição para e-commerce”, conta Victor Ferraz, fundador e CEO da empresa.
Hoje, quase toda mercadoria comprada pela internet chega à capital paranaense pela periferia ou por cidades próximas, e o destino de 45% dos produtos é o centro da cidade.
Logo, a EcoBike Courier montou um centro de distribuição — um conjunto de contêineres em um estacionamento — localizado no centro de Curitiba que é abastecido por minivans. De lá, são feitas as entregas dos produtos nas chamadas EcoBike Cargo, as bicicletas equipadas com baús de 420 litros.
O modelo parece estar fazendo sucesso: na semana da Black Friday, a empresa efetuou uma média de 2.500 a 3.200 entregas por dia com as “superbikes”. A maioria foram peças de vestuário, artigos esportivos, eletroeletrônicos e cosméticos.
De acordo com Ferraz, o sucesso do negócio está no corte de custos e na agilidade.
“A minivan demora para estacionar, tem o gasto com gasolina e manutenção. Hoje a gente estima que a EcoBike Cargo tenha a mesma produtividade que os veículos motorizados, se compararmos a quantidade de entregas em um único dia”, explica.
Para se ter ideia de custos, com a EcoBike Cargo, um único funcionário chega a fazer 50 entregas por dia por R$ 5 o frete.
Precarização?
Quando perguntado se algum de seus funcionários reclamou da inovação ou se constituiria uma precarização do trabalho, o CEO responde que é uma questão de adaptação.
“Nós fizemos alguns testes com vários ciclistas. Alguns se adaptaram, outros não. A grande ‘pegada’ desse trabalho é que a gente consegue fazer várias entregas ao mesmo tempo”, conta. “Ela carrega até 100 quilos, mas na minoria das vezes sai para a entrega com a capacidade máxima.”
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Ferraz cita como vantagens do modelo de negócio o drible às barreiras de mobilidade urbana — já que o modal utiliza ciclofaixas —, além da questão sustentável: a bicicleta não imprime pegada de carbono.
O empresário planeja expandir o modelo de negócio para as outras duas capitais do sul do país, além de outras cidades da região sudeste. Basta saber se há fôlego para as ladeiras de Minas Gerais ou para as serras de São Paulo.
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