Bessent: taxas de 10% sobre o Brasil serão mantidas
Situação do país não será alterada com a decisão de pausar por 90 dias tarifas recíprocas anunciada por Trump mais cedo
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta quarta-feira (9) que ainda serão aplicadas as tarifas de importação de 10% sobre os produtos do Brasil.
Ou seja, a situação do país não será alterada com a decisão de pausar por 90 dias algumas das tarifas recíprocas, anunciada pelo presidente Donald Trump mais cedo.
A medida implicará apenas aos países com taxas acima de 10%, que entraram em vigor na madrugada desta quarta. As novas barreiras comerciais impactaram os mercados, aumentaram as chances de recessão e provocaram retaliações da China e da União Europeia (UE).
As tarifas de países com taxas abaixo deste nível estavam em vigência desde sábado (5).
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta que limitará as taxas recíprocas a 10% por um prazo de 90 dias.
Após o anúncio da pausa, as bolsas de Wall Street passaram a subir.
Ao mesmo tempo, ele anunciou que aumentaria as tarifas sobre a China para 125%, intensificando sua retaliação com Pequim.
Em postagem na sua rede social, o republicano afirmou que as medidas entram em vigor imediatamente.
Período de negociação
O consultor comercial sênior dos EUA Peter Navarro disse que aqueles preocupados com as tarifas do presidente Donald Trump estão subestimando sua capacidade de fazer acordos com outros países.
“Todos os Nellies nervosos de Wall Street que tentam nos minar subestimam consistentemente o poder de negociação do presidente”, disse Navarro na Fox News Business.
Ele disse que o objetivo nas próximas negociações e discussões com vários países é “reduzir drasticamente nosso déficit comercial” e “nivelar o campo de jogo”.
Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas iniciais para todos os países, exceto a China. Para os países que desejam negociar, Trump disse que uma tarifa de 10% será aplicada a todos.
Navarro já defendeu as políticas econômicas de Trump e apoiou as tarifas generalizadas do presidente.
EUA x China
Os EUA iniciaram taxas de 104% contra a China também nas primeiras horas desta quarta-feira.
Em resposta, Pequim aumentou as taxas de importados norte-americanos em 84%.
Pequim também impôs restrições a 18 empresas norte-americanas, principalmente em setores relacionados à defesa, somando-se às cerca de 60 empresas norte-americanas punidas por causa das tarifas impostas por Trump.
“A escalada de tarifas dos EUA sobre a China é um erro em cima de um erro, que infringe seriamente os direitos e interesses legítimos da China e prejudica seriamente o sistema de comércio multilateral baseado em regras”, disse o Ministério das Finanças da China em um comunicado.
Bessent disse que o anúncio do presidente Donald Trump de aumentar as tarifas sobre a China para 125% é “sobre maus atores”, dizendo que o presidente escolheu aumentar as tarifas sobre Pequim “devido à insistência deles na escalada”.
“Como eu já disse repetidamente, e o presidente Trump vem dizendo há anos, a China é a economia mais desequilibrada da história do mundo moderno e é a maior fonte dos problemas comerciais dos EUA. E, de fato, são problemas para o resto do mundo, porque o que vimos é que, com o anúncio do muro tarifário pelos EUA na semana passada, muitos desses produtos já começaram a chegar à Europa”, disse o secretário do Tesouro.
Ainda assim, Bessent insistiu que os EUA não estão envolvidos em uma “guerra comercial”, apesar da crescente incerteza, já que a China e os EUA impuseram tarifas cada vez mais altas um ao outro.
“Não estou chamando isso de guerra comercial, mas estou dizendo que a China intensificou a tensão, e o presidente Trump respondeu com muita coragem a isso, e vamos trabalhar em uma solução com nossos parceiros comerciais”, disse Bessent.
Ele destacou as negociações em andamento com outras nações da região, incluindo Vietnã, Japão, Coreia do Sul e Índia.
E ele chamou a escalada de tarifas de “um gol contra” da China.
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