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    BC precisa de mais tempo para voltar a cumprir meta de inflação

    Previsões para este ano indicam três anos seguidos de IPCA fora da meta

    Thais Herédiada CNN

    Roberto Campos Neto vai precisar de tempo para voltar a entregar o IPCA na meta de inflação, seu principal mandato. As previsões mais recentes para o IPCA de 2023 rondam 5,5%, distante da meta de 3,25% e fora da banda de acomodação do índice de 4,75%. Para cumprir seu objetivo, o BC teria que subir a taxa de juros, que já está em 13,75% ao ano. Hoje, a redução tão forte do índice de inflação até dezembro é não só improvável, como praticamente impossível de acontecer.

    O risco de descontrole das contas públicas e dos efeitos do excesso de gastos este ano tem sido ressaltado pela autoridade monetária há meses. Enquanto o Comitê de Política Monetária aperta os juros para segurar a inflação, o governo federal libera os cofres públicos, aumentando a pressão sobre os preços.

    O resultado do IPCA de 2022 corroborou as expectativas de uma inflação ainda elevada e longe da meta. O índice ficou em 5,79% quando o objetivo era de 3,50%, com teto de tolerância em 5%. Os únicos preços que tiveram redução foram os afetados pela queda de impostos federais e estaduais. Os preços livres, formados pelo equilíbrio entre oferta e demanda, subiram 11% em 2022, entre eles os alimentos e os serviços prestados às famílias.

    Pelas regras do sistema de metas adotado no Brasil, o Banco Central deve enviar uma carta aberta ao ministro da economia para explicar o porquê do descumprimento, e o que pretende fazer para garantir a convergência no ano corrente. No documento que vai publicar nesta terça-feira, os diretores do BC terão que apresentar os riscos e cenários mapeados para o controle do processo inflacionário num prazo mais longo que dezembro de 2023.

    Na comunicação oficial que mantém com a sociedade, o Copom vem ressaltando que toma decisões sobre os juros já olhando para o primeiro trimestre de 2024, quando o colegiado espera que o IPCA se aproxime mais da meta de 3% para o ano que vem. Ainda assim, o calendário das regras do sistema brasileiro não acomoda desvios de tempo para o cumprimento da meta.

    Até agora, a credibilidade do BC não está em jogo porque a sequência de choques que provocaram a alta dos preços fugiu ao controle de qualquer banco central do mundo. Ainda assim, o Roberto Campos Neto precisa assentar a percepção sobre seu trabalho como guia da estabilidade da moeda do país.

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