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    BC: mudança em impostos federais não tem impacto relevante em sistema financeiro

    Instituição afirmou que exposição do sistema financeiro nacional ao risco da taxa de câmbio é baixa

    Marcela Ayresda Reuters

    O Banco Central indicou nesta quarta-feira (8) que, após a realização de testes de estresse, averiguou a resiliência do sistema financeiro nacional, que não teria problema mesmo com mudanças nas alíquotas de impostos federais.

    “A avaliação de cenários de estresse macroeconômico indica que o sistema não apresentaria problema relevante caso os cenários considerados se concretizassem, inclusive levando-se em conta eventuais alterações nas alíquotas de impostos federais“, afirmou o BC na ata da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef).

    O BC não entrou em detalhes sobre as alíquotas que foram consideradas no teste de estresse. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma sobre o Imposto de Renda que diminuiu a carga tributária das empresas em troca da instituição de um imposto sobre dividendos.

    A reforma também aumentou a faixa de isenção do IR para pessoas físicas. O texto, considerado controverso por muitos especialistas, ainda precisa de aprovação do Senado.

    A reunião do Comef foi realizada em 31 de agosto e a ata foi publicada na manhã desta quarta. No documento, o BC avaliou que as provisões das instituições financeiras para potenciais perdas de crédito estão adequadas, em um cenário em que repactuações ocorridas na esteira da crise de Covid-19 continuaram mostrando desempenho melhor do que o inicialmente imaginado.

    Mas o BC pontuou que, para algumas carteiras, os ativos problemáticos permanecem em patamares elevados, citando o crédito.

    Sobre essas modalidades, que a ata incluiu entre seus “pontos de atenção”, o BC ponderou ser “importante que os intermediários financeiros continuem preservando a qualidade das concessões”.

    “Os volumes mensais das contratações no crédito imobiliário seguem em patamares elevados, estimulados pelo nível historicamente baixo das taxas de juros cobradas”, afirmou o BC.

    “Nos financiamentos de veículos, principalmente de automóveis usados, tem-se observado alongamento dos prazos e elevação do percentual do valor do bem financiado pelos intermediários financeiros”, acrescentou.

    Solvência

    De acordo com a autoridade monetária, os índices de solvência do sistema financeiro nacional subiram “levemente” no segundo trimestre, com recuperação da rentabilidade em meio à menor despesa com provisões.

    “As instituições que acumularam ativos líquidos ao longo de 2020 para enfrentar a demanda por recursos durante a pandemia retornam gradativamente a liquidez a seus níveis anteriores”, disse o BC.

    O BC também afirmou que a incerteza sobre a solvência de empresas e famílias foi reduzida com “materialização recente de perdas apenas modestas”. Mesmo assim, a mensagem da ata foi de cautela.

    “O Comef segue recomendando que as instituições financeiras mantenham prudência na política de gestão de capital. É importante que, ao longo de 2021 e 2022, as instituições financeiras destinem os lucros de forma conservadora e alinhada às incertezas presentes no atual momento econômico”, afirmou.

    Na ata do Comef, o BC também reconheceu que o aumento da inflação em economias avançadas traz riscos de aperto monetário, dinâmica que poderá levar à reversão dos fluxos de capital para economias emergentes, tornando o ambiente “desafiador” para elas.

    Ainda assim, o Banco Central destacou que a exposição do sistema financeiro nacional ao risco da taxa de câmbio é baixa e que a dependência de financiamento externo é pequena.

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