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    BC fez corte de juros agressivo, mas com discurso conservador, dizem economistas

    Copom anunciou, nesta quarta-feira (2), redução de 0,5 ponto percentual na Selic, levando a taxa ao patamar de 13,25% ao ano

    Amanda SampaioJuliana Eliasda CNN , São Paulo

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (2), reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, a levando ao patamar de 13,25% ao ano.

    Especialistas ouvidos pela CNN avaliam que, apesar da magnitude do corte ter sido forte, o tom do comunicado divulgado pelo BC, com diversas ressalvas às pressões inflacionárias que ainda permanecem, foi conservador.

    “Dado que já estamos falando de um início de ciclo de cortes, dá para dizer que foi um comunicado mais conservador”, disse o chefe de pesquisa para América Latina do banco BNP Paribas, Gustavo Arruda.

    “Um comunicado mais duro, mesmo com um corte de 0,5, mostra que os cortes de juros começaram, mas que não significam, necessariamente, uma vitória sobre a inflação. Houve a preocupação de mostrar que a inflação não acabou.”

    Para ele, o tom cauteloso — que incluiu o recado de que os próximos cortes devem ser da “mesma magnitude” — é importante para acalmar os anseios dos investidores e analistas de mercado, que podem começar a esperar cortes de juros ainda mais agressivos, de 0,75 ponto, por exemplo, nos próximos meses.

    “Não deixaram margem de manobra, o que ajuda a evitar o excesso de excitação do mercado”, disse Arruda.

    Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, disse que, “apesar de o tom da decisão ter sido ‘dovish’ [suave], o comunicado acabou sendo ‘hawkish’ [duro]” com a inflação.

    “Como o BC apresentou corte de 0,5 ponto, ele tenta segurar ‘na unha’ a precificação dos próximos cortes”, disse o economista.

    “O Copom está dizendo: ‘estou começando com redução de 0,5 ponto, mas vou persistir em taxas contracionistas, acima de 9%, até ter uma consistência da desinflação'”, acrescenta.

    É também o que destacou Danilo Passos, economista da WHG. Para ele, o recado do colegiado ajuda a segurar as expectativas.

    “Achamos importante, além do corte, a comunicação que veio depois, que teve uma preocupação grande de ancorar o mercado para não esperar novas acelerações no corte da Selic, dado que o ciclo de cortes começou um pouco mais forte do que era o consenso”, disse.

    Com a opção do BC pelo corte mais forte — de 0,50 ponto em vez de 0,25 —, o C6 foi um dos bancos que já anunciaram, na noite desta quarta-feira, a revisão para baixo de suas expectativas para a Selic.

    A estimativa, agora, é que a taxa encerre 2023 a 11,75%, em vez de 12%, e chegue ao fim de 2024 em 9,25%, ante projeção anterior de 9,5%.

    Apesar do dissenso nesta última reunião, a comunicação do comitê foi nítida em indicar, com a concordância de todos os seus membros, quedas de 50 pontos base ao longo das próximas reuniões”, destacou o banco em sua análise.

    A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, destaca que é possível que esse movimento aconteça nos próximos dias.

    “O mercado pode ajustar [as projeções de juros] no curto prazo, já que as apostas estavam divididas para esse corte”, disse.

    Ela ressalva, porém, que ainda é difícil estimar até onde a Selic deve continuar caindo, e em qual nível deverá parar.

    “O tamanho do corte total que pode ser feito ainda está bastante indefinido, e nossa projeção se mantém em Selic em 9% para 2024 considerando o atual cenário de queda da inflação e cortes que seguirão no ritmo de 0,5 ponto.”

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