BC destaca risco de desaceleração mais forte da atividade econômica
Copom avalia que o aperto da política monetária e as condições financeiras trazem risco maior de perda do ritmo da retomada econômica
Apesar de enxergar os últimos resultados de indicadores macroeconômicos dentro do esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que o aperto da política monetária e as condições financeiras trazem risco maior de perda do ritmo da retomada econômica.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (10), na ata da 244ª reunião do Copom, quando foi decidido elevar a taxa básica de juros para 12,75% ao ano.
“O Comitê avaliou os riscos em torno do cenário de referência para o crescimento em 2022 e 2023. O aperto das condições financeiras cria um risco de desaceleração mais forte que o antecipado nos trimestres à frente, quando seus impactos tendem a ficar mais evidentes”, diz o documento.
O Copom observou ainda que, diante da potencial persistência do processo inflacionário, a reprecificação da política monetária nos países avançados tem impactado as condições financeiras dos países emergentes.
Também foram ressaltadas as características das pressões inflacionárias globais, como a demanda por bens persistentemente elevada e os choques de oferta ligados à guerra na Ucrânia e à política chinesa de combate à Covid-19.
Fatores que, na visão do BC, têm potencial para “gerar pressões inflacionárias persistentes em diversas economias”, especialmente nas que estão mais atrasadas na normalização das políticas fiscais e monetárias no cenário pós-pandemia.
“O Comitê avaliou que há grande incerteza sobre o comportamento futuro dos preços de commodities em reais, como reflexo da guerra na Ucrânia e da retomada das economias no pós-pandemia. O Comitê avalia que há possibilidade de reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local”, completa.
Ciclo de aperto
Considerando os cenários discutidos, o Comitê sinalizou, para a próxima reunião a extensão do ciclo de alta da taxa Selic, porém em menor magnitude.
De acordo com a ata, a estratégia garante “a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário”.
Sobre as dez altas consecutivas na taxa, o Copom observou que o ciclo de aperto foi “bastante intenso e tempestivo”, porém ainda não pode ser observado devido às defasagens da política monetária.
“O nível de aperto monetário apropriado é também condicional ao arcabouço fiscal vigente. O esmorecimento no empenho por reformas estruturais, bem como alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, podem elevar a taxa de juros neutra da economia”, avalia na ata.