BC aponta “queda expressiva” da atividade no RS após chuvas, mas vê sinais de retomada
De acordo com o BC, no início das chuvas intensas, houve queda de 8,6% no número de empresas de comércio do Rio Grande do Sul que receberam algum pagamento por meio de cartão de débito ou Pix
Dados analisados pelo Banco Central mostram que há evidências de queda expressiva da atividade no Rio Grande do Sul em maio, após fortes chuvas atingirem o Estado.
Mas indicadores já permitem observar sinais de retomada que podem contribuir para os dados nacionais, apontou a autarquia nesta quinta-feira (27).
“Espera-se que os esforços para a reconstrução do RS contribuam positivamente para o crescimento do PIB (do Brasil) no segundo semestre, somando-se ao impacto defasado da redução do grau de aperto monetário ocorrido ao longo do último ano”, disse a autarquia em seu Relatório Trimestral de Inflação.
De acordo com o BC, no início das chuvas intensas, houve queda de 8,6% no número de empresas de comércio do Rio Grande do Sul que receberam algum pagamento por meio de cartão de débito ou Pix, com recuo menos intenso ao longo de maio e início de junho.
“Nota-se, porém, que na última semana analisada (5 a 11 de junho) a quantidade de empresas que receberam algum pagamento via cartão de débito ou Pix superou a observada no período base, sugerindo retomada relativamente rápida das vendas na maioria dos setores”, afirmou.
O desempenho das vendas mostra também que após priorização de bens básicos em maio, já é possível verificar altas expressivas nos volumes recebidos pelos setores de móveis, eletrodomésticos e material de construção, “indicando que as famílias estão direcionando recursos para readequar suas moradias”.
No caso das emissões de notas fiscais pela indústria, foi observada uma retração de quase 30% no início de maio, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Depois, a queda foi reduzida, levando a 12,7% o recuo médio do início de maio a 11 de junho.
Na agricultura, o BC ressaltou que a projeção para a produção de grãos no RS foi revisada para baixo após as enchentes.
Mesmo assim, segundo a autarquia, IBGE e Conab ainda projetam crescimento de dois dígitos da produção gaúcha de grãos em 2024, altas de 38,5% e 36,4%, respectivamente.
A autarquia ressaltou que a pecuária do Estado já estava em queda antes das chuvas e mostrou recuo um pouco mais intenso após o desastre.
“Houve perda de rebanhos, destruição de maquinário e estruturas e dificuldades de alimentar os animais durante o período mais crítico.
Com isso, é possível que a produção de carnes, ovos e leite ainda seja afetada, ainda que provavelmente em menor intensidade, nos próximos meses”, afirmou.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, segundo o BC, responde por 6,5% do PIB nacional, sendo essa participação maior na agropecuária (12,7%) e na indústria de transformação (8,4%).
As áreas mais afetadas pelas chuvas representam 53,3% do PIB gaúcho.
O BC ressaltou que o IBCR (Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central) referente a maio, a ser divulgado em julho, permitirá uma primeira avaliação da queda da economia gaúcha em termos agregados.