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    Bancos têm visão positiva para real, mas lado fiscal e Fed permanecem no radar

    Citi disse estar com recomendação de compra de reais para a segunda quinzena de maio

    Por José de Castro, da Reuters

    Bancos estrangeiros mantiveram avaliações favoráveis ao real para o curto prazo, mesmo depois da surpresa com a mais recente sinalização do banco central norte-americano sobre futuro debate acerca de redução de estímulos, com o cenário de alta de juros no Brasil beneficiando a moeda doméstica.

    O Barclays reiterou recomendação de compra do real pelo aumento da taxa de retorno em operações de arbitragem com taxa de juros (“carry trade”) e pelo alívio nas medidas de risco-país.

    Em relatório assinado por vários profissionais da instituição, o Barclays lembra ainda “surpresas positivas” vindas dos indicadores econômicos brasileiros recentemente divulgados, o que levou o time de pesquisa econômica do banco a revisar a estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 2021 de 3,2% para 4,3%.

    Uma economia mais aquecida pode dar impulso à inflação, o que por sua vez exigiria juros mais altos. Taxas mais elevadas significam mais retorno oferecido por instrumentos na moeda local.

    Também o Citi disse estar com recomendação de compra de reais para a segunda quinzena de maio.

    Nesse caso, o “call” é parte de uma visão benigna mais ampla em relação a moedas emergentes e revela aposta de alta também para outras 13 divisas, entre as quais rand sul-africano, peso mexicano e peso colombiano.

    Ainda nesta semana, o Bank of America relatou em pesquisa mensal que gestores da América Latina estão mais otimistas em relação à taxa de câmbio brasileira, apostando que o real terá o melhor desempenho regional nos próximos seis meses, com uma agora maioria vendo o dólar abaixo de R$ 5,30 ao fim deste ano.

    Entre bancos locais, o BTG Pactual avaliou que o real deverá seguir em valorização, beneficiado pela perspectiva de um ambiente mais favorável para a atividade econômica no segundo semestre e pela redução de medidas de risco.

    “O avanço das reformas e a consolidação da vacinação devem colaborar para a continuidade desse cenário de queda do risco e da volatilidade”, afirmaram economistas em relatório desta semana.

    Em comum entre as instituições estrangeiras e domésticas, contudo, está a preocupação com os rumos da pandemia e seu potencial efeito sobre as contas públicas e o andamento da agenda de reformas, o que impacta diretamente os prognósticos para o câmbio.

    A recomendação do Citi, por exemplo, é tática –ou seja, busca auferir ganhos com distorções de preços no curto prazo.

    Nos próximos meses, os profissionais do banco veem a taxa de câmbio retornando a R$ 5,58 por dólar, sobretudo por receios de ordem fiscal –o Citi prevê que a despesa pública superará o teto de gastos no equivalente a 2,0% do PIB.

    “A recente valorização do real não deve durar muito, apesar do desempenho bastante robusto da conta corrente neste ano”, disse o banco em nota.

    “Olhando à frente, os riscos fiscais internos permanecem elevados… Além disso, nossa perspectiva global apoia a visão de que o dólar deve se fortalecer até o final do ano”, acrescentou a instituição, citando que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) pode iniciar alguma redução de estímulos ainda neste ano.

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