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    Bancos privados pedem estabilidade no curto prazo e avanço das reformas em seguida

    Líderes dos principais bancos privados do Brasil se encontraram no Fórum de Economia CNN e destacaram, também, a necessidade de concretização das reformas

    Leonardo Guimarãesdo CNN Brasil Business em São Paulo

    O Fórum de Economia CNN – ‘Os desafios de um Brasil essencial’ promoveu um encontro entre os economistas-chefes do Bradesco, BTG Pactual, Inter, Itaú Unibanco e Santander para falar sobre os principais desafios que o país tem pela frente para crescer, em painel mediado pelo apresentador da CNN William Waack.

    A fala de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, resumiu o tom da conversa: “o Brasil tem tudo para dar certo”. “Para não dar, é preciso fazer muito barulho errado”, disse, ao explicar que “o barulho está tão forte que está derretendo ativos”, se referindo ao real e à bolsa.

    Ou seja, para o ex-secretário do Tesouro Nacional, o país tem potencial de crescimento, mas o “barulho errado” vem atrapalhando a recuperação econômica do Brasil.

    Vitória Rafaela, economista-chefe do Inter, concorda que o mercado está preocupado com os ruídos da discussão econômica, mas avalia que o barulho talvez seja exagerado. “Não estamos acostumados a ver esse tipo de debate (econômico) no Congresso e isso soa como um risco muito grave. É mais ruído”, defendeu.

    Vitória defende que os últimos cinco anos trouxeram mais benefícios do que motivos para preocupação, com as reformas ocorridas nas gestões de Michel Temer (entre 2016 e 2018) e de Jair Bolsonaro.

    O fruto dessas reformas, porém, ainda não “floresceu”, como coloca Fernando Honorato, o economista-chefe do Bradesco. Para ele, os anos de reforma “foram muito prósperos”, mas ainda falta estabilidade no cenário econômico.

    Já a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, pondera que a piora das condições do mercado é um reflexo das incertezas que o investidor percebe à frente. “O mercado está colocando preço no risco que percebe”. Vescovi, também que também foi secretária do Tesouro, disse que as projeções – cada vez mais pessimistas – fazem jus aos desafios que o Brasil tem pela frente.

    Se os números fossem o único indicador do caminho da economia brasileira nos próximos anos, Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco diz que certamente estaria mais otimista. “Quando olharmos apenas os números, sem o debate em Brasília, somos surpreendidos favoravelmente”, disse.

    Instabilidade

    Porém, os economistas reconhecem que não é possível tirar a política da equação. E, quando o assunto é Brasília, previsibilidade não é um termo que tem se aplicado facilmente.

    Imprevisibilidade legislatória e tensão política são ingredientes fundamentais desse ceticismo dos investidores em relação ao Brasil – e os dois itens temperam o cenário nacional há bastante tempo.

    Mudanças na estrutura de gastos – como a reforma da Previdência e o teto de gastos – foram elogiadas e usadas como exemplo para falar de regras econômicas propositivas adotadas pelo Brasil.

    Fernando Honorato, do Bradesco, nota, porém, que é preciso criar “estabilidade nos cenários político e econômico para que o fruto dessas reformas floresça”. O economista defende que os sinais que vierem de Brasília sobre responsabilidade fiscal nos próximos 90 dias terão o poder de acalmar ou decepcionar o mercado.

    O economista afirma ainda que investidores esperam definições em assuntos como o valor do Bolsa Família, como o governo vai lidar com a dívida dos precatórios em 2022 e o destino da reforma do Imposto de Renda.

    Toda essa incerteza, dizem os convidados, explica a recente piora dos ativos brasileiros. “O dólar deveria estar abaixo de R$ 5, mas o debate político está tão ruim que está tirando confiança, e investidores estão com medo do que pode acontecer no Brasil”, diz Mansueto Almeida, que atuou no governo Bolsonaro como secretário do Tesouro.

    Entre tantos sinais vindos do mundo político, alguns podem gerar melhora mais evidente e aumento da confiança. Para os convidados, um tema que pode acalmar os ânimos é o cumprimento do teto de gastos – regra que prevê que o governo federal só pode gastar em um ano a soma do ano anterior mais a inflação.

    “Uma agenda de reformas é muito importante para os próximos anos, mas, agora, o cumprimento do teto de gastos já traria um ambiente muito melhor”, resume Mansueto.

    Para Ana Paula Vescovi, o Brasil precisa “restabelecer a confiança para que todo o potencial parado se reverta em decisão de investimentos e, então, enfrentar o tema da desigualdade social”.

    E, quando o assunto é incerteza, as eleições presidenciais de 2022 surgiram naturalmente na conversa com William Waack. Sobre o tema, Mário Mesquita disse que o cenário ficará cada vez mais claro com o tempo, mas é importante “pensar em políticas, e não em políticos”.

    Inflação

    Após a injeção de estímulos nas economias de todo o mundo, os mercados começaram a se preocupar com o aumento dos preços, consequência que pode ser dolorosa, especialmente para os mais pobres.

    No Brasil, alimentos, energia e gasolina mais caros tomaram o noticiário e fazem a população sentir o resultado de uma série de fatores globais e locais. O assunto é acompanhado de perto pelos economistas dos maiores bancos brasileiros, que mostram preocupação com o aumento dos preços, mas negam que haja descontrole.

    “Os estímulos à economia viraram inflação, que está em níveis preocupantes, mas não fora de controle”, disse Fernando Honorato, do Bradesco.

    Entre os economistas, a expectativa para 2022 é que os preços continuem subindo, mas em ritmo menos intenso do que o visto neste ano. “O processo de redução da inflação é gradual. No ano que vem, podemos ter uma inflação em queda”, espera Rafaela Vitória, do Inter.

    Se a curva da inflação não diminuir, o cenário passa a ser muito preocupante. “Não existe política social que combata a corrosão do dinheiro”, disse Mesquita, do Itaú. Ou seja, se os preços continuarem a subir, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, serão cada vez menos eficientes, já que o dinheiro que as famílias receberão passa a valer menos.

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