Banco Mundial diz que coronavírus levará a contração global de 5,2% em 2020
Economias avançadas devem encolher 7,0% em 2020, enquanto as emergentes sofrerão um recuo de 2,5%
O coronavírus fará com que a produção econômica global contraia 5,2% em 2020, disse o Banco Mundial nesta segunda-feira, alertando que sua previsão será revisada para baixo se a incerteza sobre a pandemia e as paralisações das empresas persistirem por mais tempo.
Em seu relatório Perspectivas Econômicas Globais, o Banco Mundial disse que as economias avançadas devem encolher 7,0% em 2020, enquanto as emergentes sofrerão um recuo de 2,5%, as primeiras desde que os dados agregados foram disponibilizados em 1960. Com base no PIB per capita, a contração global será a mais profunda desde 1945-46.
As estimativas atualizadas mostram mais danos à economia do que as projeções divulgadas em abril pelo Fundo Monetário Internacional, que previu contração global de 3,0% em 2020.
No caso do Brasil, a instituição prevê queda de 8% para o PIB em 2020 e de recuperação lenta em 2021, com alta de 2,2%. O resultado põe o país entre os piores desempenhos da América Latina.
Para o economista-chefe do Grupo de Perspectivas Globais do Banco Mundial, Carlos Arteta, algumas economias da região não chegaram ao pico do número de casos da Covid-19 e “seguem aumentando de maneira preocupante”, disse. Segundo ele, os países devem adotar as políticas necessárias “para evitar que a crise sanitária fique pior”.
Após a divulgação dos números, o economista do Banco Mundial respondia a uma pergunta sobre os riscos de tomar decisões sobre reabertura da economia num momento em que autoridades omitem dados sobre o quadro real da pandemia, como é o caso do Brasil. Arteta, porém, evitou comentar diretamente a falta de transparência nos dados sobre a doença no país.
Após mudar o horário da divulgação do boletim diário sobre Covid-19, o Ministério da Saúde tirou o portal do ar na noite de quinta-feira (4). Quando o site retornou, passou a apresentar apenas informações sobre os casos ‘novos’, ou seja, registrados no próprio dia. Desapareceram números consolidados e o histórico da doença desde seu começo. No domingo (7), o governo anunciou que voltaria a informar seus balanços sobre a doença. Mas mostrou números conflitantes, divulgados no intervalo de poucas horas.
“Ainda não há indício claro de que algumas economias na região chegaram a um pico de casos, seguem aumentando de maneira preocupante. Assim, qualquer decisão precisa envolver políticas necessárias para evitar que essa crise sanitária fique pior”, afirmou Arteta em teleconferência com jornalistas.
Segundo ele, cada país lida com a crise de maneira diferente, dependendo do contexto, mas o economista destacou que é “urgente” controlar a crise sanitária e proteger populações vulneráveis. “A solução mais permanente será o desenvolvimento e a disseminação de uma vacina efetiva. Isso pode levar muitos anos”, alertou. “Essa crise sanitária estará conosco por bastante tempo. Inclusive se as medidas de confinamento são relaxadas, será necessário impor comportamento de distanciamento social”, acrescentou.
*Com Reuters e Estadão Conteúdo