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    Banco dos Brics precisa elevar reserva em moedas locais, diz ministro da África do Sul

    País receberá neste mês líderes dos países-membro do banco em uma cúpula na cidade de Joanesburgo

    Por Rachel Savage e Brenda Goh, da Reuters

    O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics, precisa elevar a arrecadação de fundos e empréstimos em moedas locais, disse o ministro das Finanças da África do Sul, Enoch Godongwana, à Reuters.

    Para Godongwana, a ação deve ser tomada para amenizar o prejuízo que vem sendo causado pelas sanções contra a Rússia, uma das acionistas fundadoras do banco criado pelos países do Brics.

    A África do Sul receberá líderes dos outros países do bloco – Brasil, Rússia, Índia e China – em uma cúpula na cidade de Joanesburgo ainda em agosto. O objetivo é organizar o grupo como um contrapeso para o Ocidente.

    O ministro das Finanças sul-africano disse que a pauta sobre o uso da moeda local entre os membros do NDB estará na agenda, com o objetivo de reduzir o risco do impacto das flutuações cambiais em vez da desdolarização.

    “A maioria dos países que são membros do NDB têm incentivado o banco a fornecer empréstimos em moedas locais”, afirmou ele.

    Projeto de desdolarização

    Estabelecido em 2015 como o principal projeto financeiro do bloco, autoridades do banco e observadores dizem que a vocação do NDB de servir economias emergentes e a ambição de finanças desdolarizadas foram prejudicadas pelas realidades econômicas globais e pela invasão de Moscou na Ucrânia.

    “[O NBD não está] fazendo tanto quanto os países membros exigem, mas essa é a direção estratégica para qual estamos empurrando o banco”, disse Godongwana.

    Aumentar a arrecadação de fundos em moeda local e levantar capital de novos membros também pode ajudar o NDB em tempos difíceis, o que reduziria sua dependência dos mercados de capitais dos Estados Unidos, onde as sanções contra a Rússia aumentaram os custos de empréstimos, disseram analistas.

    Leslie Maasdorp, diretor financeiro do banco, afirmou que o NDB pretende aumentar os empréstimos em moeda local de cerca de 22% para 30% até 2026, mas que há limites para a desdolarização.

    “A moeda operacional do banco é o dólar por uma razão muito específica – o dólar é onde estão os maiores reservatórios de liquidez”, disse ele.

    Dos mais de US$ 30 bilhões (R$ 147 bilhões) em empréstimos aprovados pelo NDB, dois terços foram em dólares, mostrou uma apresentação para investidores em abril.

    Essa dependência do dólar tornou-se uma desvantagem principalmente em 2022 após os EUA anunciarem sanções à Rússia por conta da invasão à Ucrânia.

    Impactos da guerra

    O NDB interrompeu os empréstimos à Rússia, mas as medidas não impediram que a agência de recomendação Fitch rebaixasse o banco de “AA+” para “AA” em julho de 2022. Os custos dos empréstimos em dólares dispararam.

    Um título de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,35 bilhões) de cinco anos que o NDB emitiu em abril de 2021 tinha um cupom de 1,125%. Dois anos depois, um título de cinco anos de US$ 1,25 bilhão (R$ 6,125 bilhões) tinha um cupom de 5,125%. Isso é cerca de 30 pontos-base mais caro do que outros bancos multilaterais de desenvolvimento com classificações de crédito semelhantes, disse Alexander Ekbom, analista da S&P Global Ratings.

    Como resultado desse prêmio de risco, o NDB teve que controlar novos empréstimos, disse Maasdorp.

    Embora o NDB tenha aprovado empréstimos no valor de US$ 32,8 bilhões (R$ 160,72 bilhões) para projetos que vão desde linhas de metrô de Mumbai até iluminação solar em Brasília, os empréstimos em seu balanço valiam menos da metade desse valor no final de março.

    Veja também: Porta-voz do Kremlin afirma que expansão dos Brics fortaleceria o bloco

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