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    Avanço da indústria no PIB do 2º tri não muda projeções do setor, que ainda precisa de incentivos, diz Fiesp

    Em entrevista à CNN, economista-chefe da Federação diz que está mantida a expectativa de queda de 0,4% para a indústria de transformação neste ano

    Da CNN* , São Paulo

    O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) industrial (0,9%) no segundo trimestre não altera a perspectiva negativa para o setor neste ano. São necessários novos incentivos, disse à CNN o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha.

    “Esta melhora já estava no radar, mantemos a expectativa de queda de 0,4% para a indústria de transformação neste ano. O resultado vem depois de quedas subsequentes nos trimestres anteriores, então não demostra necessariamente um cenário de melhora”, aponta.

    Rocha explica que a surpresa da divulgação foi puxada pelo agro, que apesar de ter recuado (-0,9%) teve desempenho melhor que o projetado pelo mercado. Dados do mercado doméstico e consumo das famílias também tiveram viés positivo.

    Em nota publicada na manhã desta sexta-feira (1º), a Fiesp explicou que o momento da indústria tem sido “fortemente influenciado pelo elevado patamar da taxa básica de juros e pela permanência de condições financeiras restritivas na economia brasileira”.

    Contudo, o documento destaca o desempenho da indústria de transformação, que apresentou a primeira alta (0,3%) após três trimestres seguidos de retração.

    O economista-chefe da Fiesp voltou a indicar que o setor precisa de novos incentivos. Ele destacou benefícios acarretados pela reforma tributária, mas disse que ainda são necessárias medidas que tornem as taxas de juros ao setor “praticáveis”.

    “As taxas de juros também são fundamentais. A indústria não tem crédito subsidiado, não tem um Plano Safra. Queremos um plano para a indústria também, um “Plano Produção”, indicou.

    Em entrevista à CNN, Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM, indicou que um dos dados preocupantes da divulgação desta sexta-feira diz respeito ao “desempenho da indústria de máquinas e equipamentos”.

    “O dado é negativo da ótica da compra de mais máquinas e equipamentos, para expansão da capacidade produtiva. Isso não aconteceu”, apontou.

    PIB avança

    O resultado do PIB no segundo trimestre surpreendeu positivamente os agentes do mercado por indicar um crescimento econômico mais robusto que o projetado para o Brasil, conforme afirmaram analistas.

    “O resultado desenha um quadro de economia resiliente e com solidez”, afirmou Rodolfo Margato, economista da XP. Para o especialista, as projeções do mercado devem caminhar para algo mais próximo a 3% em 2023, em relação a 2022.

    Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital, ressalta que o resultado foi uma surpresa positiva para o mercado, mas não apenas pelo resultado acima do esperado.

    Ela explica que o cenário do resultado do primeiro trimestre mostrava uma supersafra no setor agrícola, enquanto a demanda doméstica respondia ao aperto da política monetária, com um consumo mais reprimido.

    “Agora, a fotografia é outra, houve um crescimento surpreendente que mostrou a demanda doméstica reacelerando. Enquanto a surpresa positiva não foi por conta apenas de um setor, mas todos os setores apresentaram melhora”, avalia.

    Veja também: Economista sobre PIB: Economia no Brasil deve desacelerar até o fim do ano

     

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