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    Ata mostra BC mais preocupado, mas ritmo de cortes deve seguir, dizem analistas

    Comitê reconheceu melhora no crédito e esteve "intrigado" quanto a dados de rendimentos reais, segundo consultados pela CNN

    Raphael Ribeiro/BCB

    Da CNN*

    A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgada nesta terça-feira (6) mostrou que o colegiado está um pouco mais preocupado com a inflação do que há 45 dias, segundo analistas consultados pela CNN.

    Novos cortes de 0,5 ponto percentual e Selic a 10,25% ao ano em maio já estão contratados, porém.

    Economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi destaca que os cortes continuarão na mesma proporção. Indicador de sua consultoria que analisa as linhas e entrelinhas das atas mostra, contudo, que o documento foi mais incisivo que os anteriores quanto aos riscos.

    “O comitê reconheceu maiores riscos inflacionários, apesar de ter mantido o balanço”, indica o economista.

    Trecho da ata que olha para dados recentes de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram o colegiado intrigado com a elevação dos rendimentos reais e seu impacto sobre a inflação, segundo o economista.

    Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, que tem análise semelhante, o Copom reconheceu que houve melhora no apetite por tomada de crédito na economia brasileira — o que já seria um efeito do ciclo de cortes de juros.

    “No comentário, o Copom mostra que há uma atenuação na desaceleração da atividade econômica”, disse Gala.

    Para o especialista, o colegiado também se mostra preocupado com a desancoragem das expectativas para a inflação. O Boletim Focus, que mede o sentimento do mercado, traz previsão de inflação em 3,8% em 2024 — valor 0,8 p.p acima do centro da meta para o ano.

    O economista-chefe do PicPay, Marco Antonio Caruso, avalia que, para o Comitê, a projeção de inflação não se alterou. Ele destaca que o colegiado manteve cautela em relação ao cenário externo, porém.

    “Mais recentemente, as tensões geopolíticas e a consequente elevação dos preços de fretes adicionaram incerteza ao cenário prospectivo”, aponta.

    Cortes contratados e futuro

    Imaizumi destaca que os cortes contratados já repercutem no mercado e menciona dados da B3. Os números mostram 95,5% de probabilidade de corte de 0,50 p.p. em março; e de 85% para maio.

    Para Caruso, as discussões sobre o balanço de risco devem aumentar somente quando a taxa se aproximar de um dígito.

    “É este balanço que vai definir se podemos cortar mais do que os 9,00% ou 9,50% apreçados na curva futura”, aponta.

    Já na análise de Paulo Gala, há dois cenários possíveis para o fim do ciclo de cortes da Selic: “O primeiro é mais otimista, com a Selic caindo a 8% com Fed (BC dos EUA)  cortando juros, fiscal melhorando, câmbio se apreciando; no menos otimista, fica perto de 9%”, aponta.

    *Publicado por Danilo Moliterno.