Arábia Saudita anuncia corte na produção de 1 milhão de barris de petróleo por dia
Sauditas temem uma queda acentuada dos preços em um momento de incerteza quanto à demanda
A Arábia Saudita anunciou cortes de 1 milhão de barris por dia de sua produção de petróleo, em um passo unilateral para tentar evitar maiores quedas dos preços internacionais do combustível fóssil.
Cortes anteriores, realizados por membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), falharam em empurrar os preços para cima. A decisão da Arábia Saudita, produtor dominante da Opep, ocorreu após negociações com países-membros do grupo em Viena, na Áustria, neste domingo (4).
Os sauditas temem uma queda acentuada dos preços em um momento de incerteza quanto à demanda. O demais integrantes da OPEP+ concordaram em estender os cortes anteriores até o fim de 2024, mantendo a meta de produção do grupo.
Além dos receios do lado da demanda por petróleo, existem preocupações pelos produtores do combustível sobre o enfraquecimento econômico dos Estados Unidos e da Europa, enquanto a recuperação da China foi menos robusta do que muitos esperavam.
Em abril, a Opep+ surpreendeu ao anunciar novos cortes de até 1,16 milhão de barris por dia, o que impulsionou a commodity e provocou temores que as pressões inflacionárias globais poderiam ser potencializadas.
Em outubro de 2022, a Opep+ já havia anunciado corte de 2 milhões de barris por dia, o que incomodou o presidente dos EUA, Joe Biden. Ambos os cortes, no entanto, deram pouco impulso duradouro aos preços do petróleo.
Os sauditas precisam de receitas de petróleo sustentadas para financiar projetos de desenvolvimento que visam diversificar a economia do país para além da commodity. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o reino precise de US$ 80,90 por barril para cumprir com seus compromissos previstos, que incluem um projeto de cidade futurista no deserto, planejado em US$ 500 bilhões.
Os sauditas, no entanto, também precisam levar em consideração que preços mais altos do petróleo podem alimentar a inflação em países consumidores. Com o menor poder de compra, Bancos Centrais, como o Federal Reserve (Fed), nos EUA, podem aumentar ainda mais as taxas de juros.