Após publicação do PIB, Fazenda reafirma projeção de crescimento de 1,9% em 2023
Secretaria de Política Econômica ressalta que o crescimento da economia no primeiro trimestre ficou acima do esperado, 1,2% de alta de janeiro a março
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda informou que o crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano, divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está em linha com a projeção do governo federal. Além disso, segue mantida a projeção de crescimento da economia na casa dos 2% em 2023.
Há duas semanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a pasta vai revisar as projeções de crescimento do PIB de 1,6% para 1,9% em 2023 e da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,3% para 5,6% neste ano, devido ao resultado positivo do primeiro trimestre.
Em nota, a Secretaria de Política Econômica ressalta que o resultado do PIB ficou maior do que a projeção para o período feita pela equipe econômica e pelo mercado. A expectativa era da economia brasileira crescer 1,2% nos três primeiros meses do ano.
A pasta destaca a contribuição do crescimento de 21,6% no setor agrícola, “impulsionado pelo aumento da safra de grãos e pela expansão do abate de bovinos, suínos e aves na comparação trimestral dessazonalizada”.
Apesar do resultado considerado positivo, a equipe econômica sinaliza que deverá ser observada a desaceleração do setor agro já no segundo trimestre, considerando que a produção de grãos tem impacto maior nos primeiros meses do ano, considerando a safra da soja, em especial.
Conforme o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, o resultado é melhor do que a Pasta projetava, de crescimento de 1,2% para o PIB do período. Destaca que mesmo a estabilidade no setor da indústria é positiva diante do cenário, que vem do menor resultado de produção dos últimos seis anos, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“O resultado do PIB veio forte com o resultado da agropecuária, e até a indústria foi melhor que o esperado. Isso coloca um viés bem altista para nossas projeções”, disse à reportagem.
A nota da SPE destaca ainda que não há perspectivas para o crescimento da indústria nos próximos meses, em especial, no caso da transformação, já que “indicadores antecedentes não vêm sinalizando recuperação no próximo trimestre”.
Serviços e consumo no PIB
A SPE ainda destaca o crescimento do setor de serviços e do consumo das famílias – ainda que moderado – que ajuda a explicar parcela da expansão do PIB. Segundo a Pasta, esses setores foram impulsionados pelo aumento da renda real, em função do aumento real do valor do salário mínimo, dos valores adicionais do Bolsa-Família e da desaceleração da inflação.
E acrescenta que “os programas de facilitação de acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas, em consonância com o aumento da renda disponível, permitiram a criação de empregos no terceiro setor, sustentando o crescimento da massa real efetiva e a demanda das famílias”.
O IBGE, no entanto, destaca que houve desaceleração no ritmo de crescimento do consumo das famílias, de 0,4% no quarto trimestre de 2022 para 0,2% nos três primeiros meses de 2023. A dificuldade do acesso ao crédito e as elevadas taxas de juros estão entre os fatores para a redução do consumo.
Ao mesmo tempo, a equipe da Fazenda ainda destaca o setor de serviços, com perspectivas favoráveis para o próximo trimestre, com expectativa de geração de novas vagas de emprego formal. Outra aposta é no programa de redução de alíquotas de impostos para carros novos, que deverá contribuir para o aumento das vendas partir deste mês.
O Ministério da Fazenda e da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) estão fechando os detalhes do programa – que será de curto prazo – para impulsionar o setor automobilístico.