Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Após menor taxa em 7 anos, queda do desemprego deve perder fôlego, dizem analistas

    Taxa de desemprego no país recuou a 9,3% ao longo de 2022, mostrou a Pnad Contínua do IBGE

    Tamara Nassifda CNN , em São Paulo

    A queda na taxa média de desemprego no país, que fechou 2022 no menor patamar desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), deve começar a perder fôlego nos próximos meses, disseram analistas consultados pela CNN. 

    Em aquecimento devido à retomada de atividades após a fase mais crítica da pandemia, a expectativa, segundo especialistas, é que o mercado de trabalho comece a refletir uma economia em desaceleração.

    Segundo relatório do Inter, apesar da performance positiva no ano, a análise na margem aponta para uma desaceleração do crescimento do mercado de trabalho no quarto
    trimestre. O contingente de ocupados aumentou 0,1%, enquanto no segundo e terceiro trimestre o aumento havia sido de 3,1% e 1%, respectivamente.

    O Inter aponta ainda que em 2022, o crescimento do mercado de trabalho aconteceu exclusivamente devido ao mercado de trabalho formal. “Nos últimos meses, no entanto, a tendência de redução da taxa de informalidade do mercado de trabalho tem sido explicada pela redução do estoque de informais, o que corrobora com a expectativa de desaceleração da atividade em 2023, principalmente ao considerar que o setor informal tende a antecipar as tendências do setor formal”.

    Para a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, a perda de fôlego da economia já começou a impactar o mercado de trabalho. “Setores como comércio e indústria já acusaram essa desaceleração, e acreditamos que esse movimento chegará também ao de serviços”, afirmou.

     

    O desaquecimento da economia deriva, principalmente, de apertos na política econômica do Banco Central para frear a escalada inflacionária. Os setores de comércio e indústria mencionados são os que mais sentem os impactos da taxa Selic em 13,75% ao ano, segundo o economista da XP, Rodolfo Margato.

    “Temos uma visão de enfraquecimento, especialmente na compra de bens mais sensíveis ao crédito, como em categorias que produzem veículos, eletrônicos, eletrodomésticos… Com a queda nas vendas, empresas podem demitir de forma mais expressiva”, analisou.

    Além disso, Margato diz que a taxa de participação da força de trabalho é um ponto de atenção, segundo cálculos da corretora. “Esse dado, que diz respeito à população economicamente ativa que desistiu de procurar emprego, voltou a recuar no último trimestre, a 62%. Antes da pandemia, ele estava em 63,5%, o que significa que o número de desalentados aumentou de lá para cá”, disse.

    A taxa de participação na força de trabalho testemunhou movimentos de sobe-e-desce. “Ela tomou um tombo em 2020 por causa da Covid-19, voltou em recuperação até metade do ano passado e chegou até a ser 62,7%, não muito distante do pré-pandemia”, disse ele.

    Uma das leituras para isso é que a maior quantia de valores disponibilizados pelos programas de transferência de renda, como o caso do Auxílio Brasil de R$ 600 ao final do ano passado, pode ter refletido em uma menor oferta de mão de obra, “principalmente para categorias de trabalhadores informais e sem carteira assinada”.

    “São pessoas que têm um rendimento médio muito mais baixo em relação ao das que têm carteira assinada, e o que a gente observou foi uma contração desses grupos de informais e sem carteira assinada. Isso pode estar acontecendo por causa das políticas de transferência de renda.”

    Por isso, a expectativa é que a taxa de desemprego volte a subir ao longo de 2023, segundo Margato. “Não em uma deterioração rápida e severa como a vista entre 2015 e 2017, mas é difícil imaginar uma melhora adicional”, disse.

    A corretora estima que o ano termine em uma taxa de desemprego em 9%, mesma projeção do C6 Bank.

    “Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) volte a subir moderadamente, encerrando 2023 em 9%. Para 2024, nossa projeção é que a taxa evolua para 9,5%”, destaca Moreno.

    Tópicos