Alimentos e efeito-Selic devem puxar preços para baixo nos próximos meses, dizem economistas
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Um dos vilões da inflação em julho, os preços dos alimentos devem desacelerar nos próximos meses e ajudar a puxar o IPCA para baixo, dizem economistas ouvidos pelo CNN Brasil Business.
O grupo foi destaque entre as altas no índice do mês, com avanço de 1,3%, impactado pela valorização de leite e derivados.
O índice geral caiu 0,67% no período, mais do que a expectativa do mercado, de 0,65%, levado pelo recuo nos combustíveis e na energia elétrica. A deflação no mês foi a maior desde o início da série histórica, em 1980.
"Fomos surpreendidos por uma deflação de gasolina acima do projetado, resultado de repasse mais rápido e intenso que estimado", diz Tatiana Nogueira, economista da XP. A projeção da corretora era de uma queda menor, de 0,65%.
"A pressão sobre alimentos e bebidas deve desacelerar, acompanhando a recente queda nos preços das commodities", disse o Bank of America em nota após o anúncio do resultado. A instituição espera que o IPCA chegue a 7,2% até o final do ano.
O economista da FGV André Braz considera provável que o setor de alimentação tenha redução nos preços no segundo semestre. "Contando com safras boas, e com a desaceleração recente no preço de commodities importantes como milho, soja e trigo, já temos no radar uma tendência de desaceleração dos alimentos”, destacou.
O economista pontuou que a desaceleração dos alimentos vai ser “lenta e gradual”, diferente do choque que ocorreu com combustíveis e energia, que caíram após uma pancada do governo no corte do ICMS.
“A alimentação talvez ofereça uma trégua ao longo desse segundo semestre”, disse. O economista pondera que, mesmo com eventual desaceleração dos preços, os gastos com alimentos vão continuar pesando no orçamento das famílias.
Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), Glauco R. Carvalho, a perspectiva é de que a partir de agosto seja possível observar impactos no preço dos alimentos, ainda que modestos.
“Os preços ainda estão altos, mas a safra no Sul começa a crescer. A tendência é que os preços desacelerem a partir de setembro ao produtor. No mercado atacadista o início de agosto já vem mostrando recuo, ainda que modesto”, afirmou.
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, destaca que, apesar de o efeito da redução de impostos ser pontual, já que a regra é temporária, o aperto monetário em curso e a menor demanda global, ainda devem puxar os preços para baixo nos próximos meses. "Esses efeitos tendem a tirar grande parte da pressão inflacionária que observamos no último ano", diz.
"Nossa expectativa é que teremos uma nova deflação em agosto, de menor magnitude, refletindo a queda mais recente nos preços dos combustíveis".
*Com informações de Camille Couto, da CNN, no Rio de Janeiro