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    Ajuda de US$ 54 bilhões de BC suíço ao Credit Suisse acalma pânico nos mercados

    Dinheiro pode dar tempo ao segundo maior banco da Suíça para restaurar confiança do mercado, mas não coloca instituição fora de perigo

    Mark Thompsonda CNN

    Uma corrida noturna para aumentar a confiança no Credit Suisse acalmou investidores em pânico nesta quinta-feira (16), com as ações do segundo maior banco da Suíça disparando.

    O Credit Suisse disse que tomaria emprestado até 50 bilhões de francos suíços (US$ 53,7 bilhões) do Banco Nacional da Suíça, aproveitando uma tábua de salvação oferecida pelo banco central na quarta-feira, depois que suas ações caíram até 30%. Ele também disse que compraria de volta parte de sua própria dívida.

    Em um comunicado na quinta-feira, o CEO Ulrich Körner disse que havia tomado “ações decisivas” para fortalecer o banco enquanto ele continua implementando uma grande reforma anunciada no outono passado. “Minha equipe e eu estamos decididos a avançar rapidamente para oferecer um banco mais simples e focado nas necessidades do cliente”, acrescentou.

    As ações subiram 21%, sendo negociadas a 2,05 francos suíços (US$ 2,3) às 7h55 ET (08h55 no horário de Brasília). Dois anos atrás, eles valiam mais de 11 francos (US$ 12) cada, mas uma série de escândalos, erros e falhas de conformidade corroeram continuamente os negócios do banco e minaram a confiança de investidores e clientes. As ações perderam 25% até agora este ano e 70% nos últimos 12 meses.

    Os clientes retiraram 123 bilhões de francos suíços (US$ 133 bilhões) do Credit Suisse em 2022 – principalmente no quarto trimestre – e o banco relatou em fevereiro um prejuízo líquido anual de quase 7,3 bilhões de francos suíços (US$ 7,9 bilhões), o maior desde a crise financeira global em 2008.

    O venerável, mas problemático banco, fundado em 1856, é uma das maiores instituições financeiras do mundo e classificado como um “banco global sistemicamente importante”, junto com apenas 30 outros, incluindo JP Morgan Chase, Bank of America e o Bank of China.

    O Banco Nacional da Suíça confirmou na quinta-feira que forneceria liquidez ao Credit Suisse “contra garantias suficientes”.

    Ajuda será suficiente?

    O dinheiro pode dar tempo para o Credit Suisse restaurar a confiança e prosseguir com os planos de reestruturação que incluem transformar o banco de investimento em um negócio independente com sede nos Estados Unidos e focar na Suíça, bem como na gestão de dinheiro para clientes ricos.

    Mas não coloca instituição fora de perigo.

    Analistas bancários do JP Morgan disseram que o suporte de liquidez oferecido pelo banco central suíço não seria suficiente, dados os “problemas contínuos de confiança do mercado” com os planos de banco de investimento do Credit Suisse e a erosão da franquia do banco.

    “Em nossa opinião, o status quo não é mais uma opção, pois as preocupações das contrapartes estão começando a surgir, refletidas pela fraqueza dos mercados de crédito/ações”, escreveram eles em uma nota de pesquisa na quinta-feira, acrescentando que uma aquisição – provavelmente pelo maior rival suíço UBS — era o final de jogo mais provável.

    A mídia local informou que o governo suíço realizaria uma reunião extraordinária nesta quinta-feira para discutir a situação no Credit Suisse, segundo a Reuters. O Ministério das Finanças se recusou a comentar à CNN.

    Os temores sobre os credores mais fracos explodiram na semana passada, quando o Silicon Valley Bank quebrou na maior falência bancária dos Estados Unidos desde a crise financeira global. Mas o gatilho para a derrota de quarta-feira nas ações do Credit Suisse veio de comentários do maior financiador do banco – o Saudi National Bank – de que não estava preparado para investir mais dinheiro depois de comprar uma participação de quase 10% por US$ 1,5 bilhão no ano passado.

    Nesta quinta-feira, o presidente do maior banco da Arábia Saudita disse que o pânico era injustificado.

    “É pânico, um pouco de pânico, acredito completamente injustificado, seja para o Credit Suisse ou para todo o mercado”, disse Ammar Al Khudairy à CNBC.

    As bolsas de valores europeias se confortaram com a recuperação das ações dos bancos, com os principais índices abrindo em alta. Os futuros dos EUA também estavam estáveis.

    O que o BCE diz

    Alguns analistas alertaram que o foco agora pode mudar do Credit Suisse para outras partes do setor financeiro.

    “Os problemas do Credit Suisse são muito diferentes daqueles que derrubaram o SVB alguns dias atrás”, escreveu Neil Shearing, economista-chefe da Capital Economics, em nota aos clientes. “Mas eles servem como um lembrete de que, à medida que as taxas de juros aumentam, as vulnerabilidades estão à espreita no sistema financeiro. As principais áreas a serem monitoradas são bancos europeus menores e bancos paralelos.”

    O Banco Central Europeu elevou as taxas de juros em 0,5 ponto percentual nesta quinta-feira, como prometido, ignorando o caos do mercado financeiro e os pedidos dos investidores para reduzir o aperto da política monetária pelo menos até que o sentimento se estabilize.

    Esperava-se que a instituição pudesse reavaliar dua política, mas não foi o que aconteceu.

    O mercado espera agora os comentários da presidente do BCE, Christine Lagarde, em uma entrevista nesta manhã.

    “Ela precisa tranquilizar os investidores de que nenhum grande banco europeu da zona do euro está na mesma posição que o Credit Suisse e – mais importante – enfatizar que as instituições da zona do euro têm o apoio inequívoco do BCE”, acrescentou Shearing.

    — Anna Cooban, Olesya Dmitracova e Rob North contribuíram para este artigo.

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