Agência Internacional de Energia prevê pico da demanda por petróleo antes do fim da década
Consumo de combustíveis de transporte derivados de petróleo, como a gasolina, será a primeira a atingir o pico, mas depois deve entrar em declínio constante, acelerado pela crescente adoção de veículos elétricos e a adoção duradoura do trabalho remoto
A demanda global por petróleo deverá desacelerar nos próximos cinco anos, mas deve atingir o pico antes do fim da década, à medida que o uso de veículos elétricos aumentar e países desenvolvidos migrarem para fontes de energia mais limpas, segundo avaliação da Agência Internacional de Energia (AIE).
Em relatório publicado nesta quarta-feira (14), a AIE prevê que a demanda por combustíveis de transporte derivados de petróleo, como a gasolina, será a primeira a atingir o pico antes de entrar em declínio constante, acelerado pela crescente adoção de veículos elétricos e uma mudança duradoura para o trabalho remoto, estimulada pela pandemia de covid-19.
Economias asiáticas de rápido crescimento continuarão sustentando o apetite global por petróleo nos próximos anos, e a demanda por combustível de aviação, nafta e outros derivados de petróleo com uso industrial seguirá aumentando, disse a AIE no documento.
No entanto, mesmo na China, que há muito tempo vem impulsionando a demanda global pela commodity, o consumo de petróleo diminuirá de forma acentuada antes do fim da década. Em 2027, a Índia ultrapassará a China como principal motor do avanço na demanda por petróleo, de acordo com a AIE.
Em abril, porém, a demanda chinesa seguia elevada, ao atingir recorde de 16,3 milhões de barris por dia (bpd).
As previsões são baseadas em tendências de energia fortemente divergentes entre as economias desenvolvidas da América do Norte e da Europa e nações em desenvolvimento de rápida expansão, em especial da Ásia.
A demanda por petróleo nas economias avançadas que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) deverá atingir o pico ainda este ano, graças aos amplos gastos de governos destinados a reduzir a dependência de combustíveis fósseis, disse a AIE.
A expectativa é que a demanda na OCDE caia para 44,3 milhões de bpd até 2028, depois de alcançar o pico de 46,2 milhões de bpd este ano. Já a demanda em países fora da OCDE deverá crescer mais de 7% até 2028, para 61,4 milhões de bpd.
A AIE, que tem sede em Paris, elevou sua previsão para o aumento na demanda global por petróleo em 2023 em 200 mil barris por dia (bpd), a 2,4 milhões de bpd. Isso significa que o consumo mundial deverá chegar a 102,3 milhões de bpd este ano. Para 2024, a agência prevê forte desaceleração no avanço do consumo, a 860 mil bpd, trazendo a demanda total a 103,1 milhões de bpd.
Em relação à oferta global, a AIE elevou sua projeção para este ano em 200 mil bpd, para 101,3 milhões de bpd. Em 2024, espera-se que a oferta cresça 1 milhão de bpd, a 102,3 milhões de bpd.