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    Acordo Mercosul-UE pode sair até junho, diz número 2 de Alckmin em ministério: “Faltam detalhes”

    Márcio Elias, secretário-executivo do MDIC, que está em Portugal, citou exigências ambientais e trabalhistas, mas disse que nenhuma questão é intransponível

    Priscila Yazbek

    Márcio Elias, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), afirmou neste domingo (23) que faltam apenas detalhes para a finalização do acordo entre o Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e a União Europeia, formada por 27 países europeus.

    “A expectativa é de que o acordo feche este ano, sem dúvida, o mais rápido possível. Se possível, fecharmos neste semestre, como era o nosso desejo”, disse em Lisboa o número 2 do MDIC, que acompanha a viagem do presidente Lula a Portugal.

    O presidente Lula afirmou, neste sábado (22), que está se esforçando pelo avanço do acordo. “No que depender de mim, a gente vai fazer o acordo União Europeia e Mercosul. Faltam pequenos ajustes, mas temos condições de fazer”, afirmou.

    Sobre os “pequenos ajustes” que faltam, Elias mencionou as exigências ambientais colocadas na “side letter”, documento diplomático enviado pelo bloco europeu em março.

    “Há uma side letter que impõe condições socioambientais. É a partir dessa janela de oportunidades que o Brasil vem negociando. O Ministério de Relações Exteriores sobretudo vem apresentando contrapartidas e a negociação prossegue”.

    Ele afirmou que Portugal é um aliado no avanço do acordo, assim como a Espanha, que assume a presidência da UE no segundo semestre – e para onde a comitiva brasileira se desloca no próximo dia 25 após deixar Lisboa. “Os sinais são muito positivos e, de fato, faltam mesmo detalhes”, disse o secretário.

    Elias também foi questionado se as exigências ambientais seriam uma desculpa de países europeus, que resistem ao acordo por causa da competição que traria ao setor agrícola.

    “Isso já foi esclarecido internamente, essa questão está sendo superada. A proteção agrícola – embora seja compreensível, todo mundo quer proteger o seu -, ela não se justifica. Foram colocados números, dados foram estabelecidos, meios e instrumentos, e isso tem sido fácil de se superar”, disse.

    O secretário afirmou ainda que as exigências dos europeus incluem também questões trabalhistas, relacionadas sobretudo à Argentina.

    “Falta só um equilíbrio nas condições sugeridas pela União Europeia, aquelas que são pretendidas para os atores do Mercosul […] O Brasil já cumpre, precisamos que os demais concordem, Argentina concorde, por exemplo. Nós estamos muito perto disso. Nós temos várias questões que precisam ser tratadas, mas nenhuma delas é intransponível. Por isso que o presidente Lula acertadamente tem dito: ‘nós vamos fechar o acordo.’”

    Se, do lado do bloco europeu, países como França, Irlanda e Polônia resistem ao acordo por causa da oposição de setores agrícolas, no Mercosul, a Argentina tem resistências por causa do setor industrial.

    Segundo especialistas, a visão ideológica de esquerda do atual governo argentino embute uma forte rejeição a um estreitamento nas relações com países europeus.

    A corrente kirchnerista também defende o protecionismo e argumenta que a indústria argentina não teria capacidade de fazer frente à concorrência com a Europa.

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