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    Mantega no comando da Vale seria tiro no pé, dizem acionistas privados

    Ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff, Mantega tem 74 anos e está inabilitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a exercer cargos na administração pública federal até 2030, por punição envolvendo o caso das pedaladas fiscais

    Daniel Rittnerda CNN , Brasília

    Acionistas privados da Vale rejeitam uma mudança antecipada no comando da mineradora e a possível indicação do ex-ministro Guido Mantega para o cargo.

    O mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, termina em maio de 2024.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo auxiliares diretos, não quer esperar e deseja substituí-lo por Mantega. Assessores presidenciais afirmam que seria uma indicação pessoal.

    Ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff, Mantega tem 74 anos e está inabilitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a exercer cargos na administração pública federal até 2030 por punição envolvendo o caso das pedaladas fiscais.

    A CNN ouviu reservadamente, nesta quinta-feira (27), três acionistas com participação societária relevante na Vale. Eles refutam a possibilidade de mudança.

    O argumento é de que a tentativa de interromper bruscamente o mandato de Bartolomeo fere boas práticas de governança corporativa, cria ruído desnecessário com investidores internacionais e pode influenciar negativamente o desempenho das ações da Vale.

    Para esses grandes acionistas, o momento é de recuperação da economia brasileira, com melhoria na classificação de risco pelas agências de crédito e inflação em queda. Precipitar mudanças na Vale, agora, é visto como um tiro no pé para a confiança do mercado no país.

    O conselho de administração da mineradora se reuniu hoje, em Carajás (PA), e aprovou o balanço financeiro do segundo trimestre de 2023. A troca de comando não foi tratada.

    O conselho é formado por 13 integrantes. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, tem dois assentos. Outros oito são indicados por acionistas como Bradesco, Mitsui e Cosan. Fundos estrangeiros como BlackRock e Capital World também são grandes acionistas e influenciam no colegiado.

    Um conselheiro disse à CNN que a avaliação de Bartolomeo é positiva e o processo de sucessão do executivo começará a ser discutido apenas no início de 2024.

    Caso a decisão seja por uma troca, afirma esse conselheiro pedindo anonimato, o correto é fazer esse processo por meio de um headhunter e focando em pessoas com experiência na gestão de grandes empresas.

    Independentemente do nome, afirma o conselheiro, seria muito ruim, para uma multinacional líder de mercado como a Vale, passar por um processo tumultuado de mudança na presidência — ainda mais com ingerência política.

    A Vale teve lucro líquido de quase R$ 96 bilhões no ano passado e está entre as cinco maiores mineradoras do planeta.

    O governo, que não tem participação direta na companhia, conta com a Previ para pavimentar a saída de Bartolomeo e fazer Mantega como o novo CEO.

    Composição acionária da Vale
    Composição acionária da Vale / Arte CNN

    Na defesa da troca de comando, interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que os últimos governos conseguiram emplacar seus nomes de preferência na presidência da Vale e tinham bom relacionamento com o chefe da empresa.

    Bartolomeo é considerado um executivo distante do PT e de governadores onde a Vale tem operações, segundo políticos ouvidos pela CNN.

    Um aliado do Planalto lembra que a Vale depende do governo para uma série de ações: licenciamentos ambiental, execução contratual de concessões ferroviárias, modernizações do código de mineração.

    Por isso, diz esse aliado reservadamente, o presidente da Vale tem que estar em sintonia constante com o governo federal. Ele resume: “Não é uma discussão para o mercado resolver. É uma matéria para o mundo político. Se acionistas privados acham que podem comprar briga com o governo, paciência”.

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