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    Veja quais setores da bolsa podem sofrer com o prolongamento da crise hídrica

    Efeitos da escassez de água não param no aumento do custo de energia; indústria e agronegócios também sofrem impactos negativos

    Matheus Pradodo CNN Brasil Business* , São Paulo

    Uma crise hídrica como a que o Brasil vive atualmente carrega outros impactos econômicos para além do encarecimento da energia elétrica, podendo afetar empresas listadas na bolsa de valores de São Paulo, a B3.

    “A crise vai prejudicar níveis de margem de diversas empresas em função do aumento de custos e pode atrapalhar também a retomada da atividade como um todo. É algo que gera um efeito cascata”, diz Guilherme Tiglia, sócio da Nord Research.

    Confira, segundo dizem analistas ouvidos pelo CNN Brasil Business, quais setores podem ser mais afetados no período:

    Indústria

    Em termos de consumo de energia, o setor industrial é unanimidade entre os analistas: é o mais eletrointensivo. Com os preços do recurso em alta e a disponibilidade em baixa, os efeitos serão sentidos rapidamente.

    “O aumento do custo de energia impacta na cadeia de vários produtos industriais”, diz Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos. Dentre estes, alguns segmentos como metalomecânico, alumínio e a siderurgia como um todo podem sofrer mais.

    Os analistas lembram, no entanto, que algumas dessas empresas possuem processos protetivos, e produzem sua própria energia. “Muitas indústrias têm uma cogeração muito forte, sucroalcooleiras e papel e celulose são exemplos”, afirma Phil Soares, chefe de análise de ações na Órama.

    “As demais são grandes consumidoras de energia e devem pagar caro pela mesma. Especialmente se já não contrataram essa energia com antecedência no mercado livre, o que é o mais comum e prudente.”

    Agronegócio

    Responsável por mais de 20% do PIB nacional, o agronegócio também pode ser afetado pela escassez e, consequentemente, pelo encarecimento dos recursos hídricos necessários ao desenvolvimento do setor.

    “Atrapalha o ciclo, porque gera um efeito em cascata para todos os setores da economia. Se uma empresa agrícola acabar colhendo menos do que o esperado, os preços podem subir, o que gera mais pressão de inflação”, diz Tiglia, da Nord.

    Setor Elétrico

    Dentro do setor elétrico propriamente dito, também há perdas esperadas. Mas é possível, no entanto, que haja subsetores e empresas que se beneficiem da alta circunstancial nos preços da energia.

    “As distribuidoras de energia, que estão vendo as tarifas de fato subirem, podem ser beneficiadas neste momento” ao repassar o reajuste para os seus clientes, diz Sales da Guide. Enel, Energisa e CPFL estão entre as companhias listadas.

    “Nesse mesmo cenário, as geradoras acabam sofrendo um pouco mais por conseguir gerar menos energia. Principalmente as companhias mais dependentes de recursos hidrelétricos. Mas empresas como a Eneva, com produção termelétrica, podem não sofrer tanto.”

    Fernando Bresciani, analista de Investimentos do Andbank Brasil, acrescenta que o setor de transmissão também deve sentir menos impacto.

    2022

    Bresciani ressalta ainda que a intensidade dos problemas pode sempre aumentar caso o período de desabastecimento se arraste. “Caso haja apagões em novembro, os setores eletrointensivos irão sofrer”, aponta.

    “Isso jogaria a atividade industrial para baixo e afetaria o PIB já em 2021. E, se esse cenário não for revertido em 2022, teremos então um cenário muito mais caótico.”

    *Com Reuters

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