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    Retrospectiva 2022

    Veja as ações que mais subiram e mais caíram em 2022

    Dommo, Cielo e Petrorio se destacaram entre as altas; na lista das baixas, Espaço Laser, Aeris e IRB Brasil estão no topo

    Diego Mendesdo CNN Brasil Business , São Paulo

    O ano de 2022 foi marcado pelo início do ciclo do aperto monetário nas maiores economias do mundo. No Brasil, o Banco Central iniciou as altas nos juros em março de 2021, quando subiu a taxa Selic de 2% (mínima histórica) para 2,75%. Foram 12 aumentos consecutivos até os atuais 13,75% ao ano, patamar estabelecido em agosto. O país também passou pelo mais importante processo eleitoral desde a redemocratização.

    No cenário externo, além da atuação dos BCs de diferentes países sobre os juros, a guerra na Ucrânia pressionou ainda mais um cenário econômico desafiador causado pela pandemia de Covid-19, dos Estados Unidos à China, que impactou principalmente a questão energética.

    Os agentes financeiros acompanharam de perto toda essa movimentação que influenciou diretamente as negociações na bolsa brasileira e no desempenhos das companhias. No balanço do ano, Doomo, Cielo e PetroRio se destacaram entre as listadas mais valorizadas. Enquanto Espaço Laser, Aeris e IRB tiveram performance oposta.

    Maiores altas

    Até o dia 15 de dezembro, as maiores altas no ano da carteira teórica: Dommo (DMMO3) +225,77, Cielo (CIEL3) +115,24%, PetroRio (PRIO3) +73,05%, Cury S/A (CURY3) +71,33% e BB Seguridade (BBSE3) +67,1%.

    Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, diz que o destaque de alta é a CIELO, uma empresa que por muito tempo o mercado “bateu” por ter resultados decrescentes.

    “A companhia conseguiu nesse período de queda de receita fazer um programa de reestruturação de corte de custos para melhorar a eficiência operacional para sobreviver em um regime de receitas menores”, aponta Piovesan.

    Além disso, o analista destaca que a inflação foi positiva para a empresa, uma vez que se favorece do crescimento nominal de preço dos produtos de mercado. “O volume de mercadorias que transaciona nas maquininhas se favorece desse cenário inflacionário”.

    Em geral, diz Piovesan, empresas beneficiadas pelo aumento de juros e inflação, tiveram valorização no ano. “Da lista que mostram as que tiveram alta, a Cielo e BB Seguridade são empresas impactadas positivamente com o cenário econômico do país. Além disso, a expectativa de privatização de empresas, no caso das estatais, também estão neste ranking de crescimento”, aponta.

    Bruno Tebaldi, economista da Nova Futura Investimentos, também se surpreendeu com o salto da Cielo. Segundo ele, a companhia está se destacando porque o cenário para a empresa de cobrança, não está fácil, principalmente com o advento do Pix. “Em 2022 o pagamento instantâneo ganhou muito espaço e por isso chama a atenção a Cielo tenha tido uma alta tão expressiva”, comenta.

    Nesse ano que passou, o mundo vivenciou a guerra na Ucrânia, o que colocou uma pressão muito grande no fornecimento energético na Europa, elevando os preços do petróleo.

    “Boa parte das empresas que tiveram alta, estão relacionadas com o petróleo. Houve um encolhimento na oferta mundial por matriz energética devido às sanções econômicas impostas à Rússia, o que acabou colocando uma certa pressão inflacionária nos preços, elevando a desempenho das companhias”, aponta.

    João Daronco, analista da Suno Research, avalia, dentre os principais destaques, dois grupos: ações ligadas ao setor de óleo e gás e ações ligadas a commodities agrícolas/alimentos. “Destaco esses grupos porque, dados os cenários vivenciados ao longo de 2022, principalmente guerra entre Ucrania e China, tivemos uma elevação no preço dos seus produtos e, consequentemente, melhora de resultados”.

    Maiores baixas

    As maiores baixas no ano ficaram com Espaço Laser (ESPA3) -85,79%, Aeris (AERI3) -85,14% IRB (IRBR3) -82,09%, Infracomm (IFCM3) -81,35%, e Recrosul -81,2%

    No lado negativo, Piovesan aponta a Aeris. Com o IPO feito em 2020, quando o setor eólico no mundo — principalmente nos Estados Unidos — estava aquecido, era visto com uma indústria com um retorno sobre o capital elevado.

    Mas a empresa, assim como todo o setor, acabou entrando em um cenário inflacionário forte, ou seja, em uma espiral negativa de aumento de custo e não conseguiu repassar para o preço de venda dos produtos. “Esse cenário pega empresas que tem alavancagem alta e que não conseguem repassar esse aumento de custo para a ponta”, mostra.

    Dentre os destaques das maiores baixas, Tebaldi diz que a lista não trouxe tantas novidades. Porém, o economista faz uma ressalva da Marisa. “Estava esperando que este setor de varejo estive melhor ao longo deste ano”.

    Na visão de Daronco, os principais destaques negativos são, grande parte, dos setores domésticos (varejo, construção civil, entre outros). “Destaco o caso da Tenda, uma incorporadora que sofreu tanto com o aumento dos custos de construção, como também sofreu dada a escalada da curva de juros. Americanas e Marisa também sofreram com o aumento das taxas de juros e desaceleração do consumo”, explica.

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