Saiba o que os resultados do 2º tri revelam dos efeitos da crise nas empresas
Fernando Nakagawa e Luciana Barreto contam quais setores têm se destacado na safra de balanços trimestrais divulgados até agora
As cotações das ações negociadas na bolsa passaram a ser influenciadas nas últimas semanas pela divulgação dos resultados de empresas no segundo trimestre. É a chamada temporada de balanços.
Mas por que existe esse impacto? Para explicar a importância dos resultados e o que eles revelaram dos efeitos da pandemia nas empresas, o novo episódio do podcast O que eu faço? ouviu Ricardo Peretti, estrategista de renda variável da Santander Corretora para o Brasil e a América Latina.
“Os resultados já divulgados até aqui confirmam o que muitos economistas disseram no início da crise: que o momento mais agudo da crise seria nos meses de abril e maio. E que, com a reabertura gradual da economia, provavelmente os resultados do terceiro trimestre serão melhores”, disse o analista.
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Ele destaca que algumas empresas já começaram a apresentar uma recuperação em junho, na passagem do segundo para o terceiro trimestre.
A equipe da Santander Corretora estimou, antes do início da safra de balanços, que o Ebitda (que é uma métrica de geração de caixa) das empresas que são acompanhadas teria uma queda de 12%, enquanto o lucro sofreria uma retração ainda maior, da ordem de 36%.Os dados foram ponderados pelo valor de mercado de cada companhia, para retratar mais fielmente os respectivos pesos.
“Na margem (em junho), os resultados têm sido melhores que o esperado”, afirma Peretti.
Setores mais resilientes
O estrategista da Santander Corretora apontou cinco setores que, segundo a sua visão, mostraram resultados mais robustos mesmo no ambiente de grave crise econômica.
Um deles é o de seguros, na medida em que a queda da circulação de pessoas acabou reduzindo a sinistralidade de segmentos de saúde e automóveis, para ficar em dois exemplos. E isso se refletiu positivamente nos resultados de companhias que atuam no ramo, como a SulAmérica.
O setor de redes varejistas de supermercados (como GPA e Carrefour) também se destacou com o aumento das compras de abastecimento das residências. Outro segmento apontado foi o de telecomunicações e tecnologia, com empresas como TIM, Telefônica (Vivo) e Totvs se beneficiando da importância maior de tais serviços para que as pessoas pudessem trabalhar remotamente.
Por fim, Peretti aponta como setores de destaque o de incorporadoras e construtoras voltadas para a baixa renda e o de redes varejistas com forte presença no canal online, algumas das quais já divulgaram prévias operacionais que confirmaram um crescimento das receitas em meio à pandemia.
O analista fez questão de apontar ainda o desempenho da WEG, fabricante de equipamentos industriais e exportadora, como uma empresa cujos resultados tiveram forte crescimento no trimestre.
Ainda que a safra de resultados continue nas próximas semanas, Peretti diz que é possível dizer que o pior já passou, “tanto do ponto de vista de volatilidade (as fortes oscilações nas cotações) do mercado como de atividade econômica, na medida em que as empresas começam a reportar melhora nas vendas”. Uma prova disso, segundo ele, são as revisões seguidas do mercado para o PIB em 2020.
Bolsa no fim do ano
A Santander Corretora tem a previsão de que o Ibovespa vai encerrar o ano aos 110 mil pontos, com ligeira alta, portanto, em relação ao 102.174 pontos de fechamento da terça-feira (11). Em um cenário otimista, com rápida recuperação dos lucros, a bolsa poderia chegar aos 125 mil pontos.
“Montar uma carteira equilibrada de ações é o melhor caminho para o investidor se expor à bolsa neste momento”, afirma.
Por fim, Peretti conta quais setores estão mais atrativas na sua avaliação, citando o de energia elétrica, o de comércio eletrônico e o de saúde privada.
Para saber mais dos resultados até aqui do segundo trimestre, confira o novo episódio do podcast O que eu faço?, apresentado por Fernando Nakagawa e Luciana Barreto.
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