Ibovespa fecha em queda de 1,55% com risco fiscal e minério de ferro; dólar sobe
Principal índice da B3 encerrou aos 108.367,67 pontos, enquanto a moeda norte-americana valorizou 0,34%, a R$ 4,89
O Ibovespa fechou em queda de 1,55%, aos 108.367,67 pontos, nesta quarta-feira (8), prejudicado pelo cenário doméstico brasileiro e pela queda do minério de ferro na China, o que prejudicou as ações de mineradoras e siderúrgicas, em especial a Vale.
O principal índice da B3 encerrou o dia no menor patamar desde 19 de maio 107.005 e na maior queda percentual desde 18 de maio, quando caiu 2,34%.
Já o dólar teve alta de 0,34%, a R$ 4,89, mantendo a forte valorização ante o real na véspera com a retirada de investimentos no Brasil devido aos temores dos investidores quanto a um possível descontrole fiscal e desrespeito ao teto de gastos por parte do governo federal. Esse foi o maior valor da moeda norte-americana em três semanas.
Ao longo do dia, a moeda chegou a valorizar 0,72%, atingindo cotação de R$ 4,909, para arrefecer no final do pregão.
Na terça-feira (7), o dólar teve alta de 1,63%, a R$ 4,874, na maior variação percentual desde 5 de maio (2,34%) e com o maior valor desde 19 de maio. Já o principal índice da B3 recuou 0,11%, aos 110.069,76 pontos, na menor pontuação desde 20 de maio.
Neste pregão ainda, o Banco Central fez um leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC pode ajudar a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
As preocupações dos investidores estão também ligadas ao anúncio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca reduzir o preço dos combustíveis.
A ideia é isentar impostos federais do diesel e do gás, e criar um fundo para compensar financeiramente estados que isentem a cobrança de ICMS na gasolina. A equipe econômica estima um impacto de cerca de R$ 40 bilhões nas contas públicas.
Houve ainda uma aversão a riscos ao redor do mundo, que favorece o dólar e prejudica as bolsas, já que a semana conta com a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que pode sinalizar uma alta nos juros para enfrentar a inflação na zona do euro, e com os dados de inflação nos Estados Unidos, que darão mais pistas sobre os possíveis próximos passos da elevação de juros do país.
Minério de ferro
Os contratos futuros de minério de ferro de referência na Ásia caíram nesta quarta-feira, com o sentimento do mercado afetado pela redução da lucratividade nas siderúrgicas chinesas após uma recente alta nos preços dos ingredientes siderúrgicos.
O minério de ferro mais negociado para entrega em setembro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas em queda de 0,5%, a 926,50 iuans (US$ 138,85) a tonelada.
Na bolsa de Singapura, o contrato de minério de ferro mais ativo de julho caiu 0,2%, para US$ 144,30 a tonelada.
Um rali de preços que começou no final de maio levou o minério de ferro na bolsa de Dalian a uma alta de 10 meses na segunda-feira, enquanto o contrato SGX atingiu seu maior nível em quase cinco semanas na terça-feira, sustentado pelo otimismo renovado em torno da demanda na China, maior produtora de aço do mundo.
Preocupações com a redução dos estoques de minério de ferro importado nos portos chineses adicionaram combustível a esse rali.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo. A confirmação da contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, por exemplo, reforçou a visão de que a autarquia não deverá ser tão agressivo na alta de juros quanto o previsto.
Por outro lado, com o fim do lockdown na cidade chinesa de Xangai e alívio nas restrições na capital Pequim, a expectativa é que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltou a favorecer exportadores de commodities e aliviou uma parte das pressões sobre o real.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta quarta-feira:
Maiores altas
- Qualicorp (QUAL3) +3,20%;
- Cogna (COGN3) +2,41%;
- Hapvida (HAPV3) +2,39%;
- Via (VIIA3) +2,38%;
- PetroRio (PRIO3) +1,79%
Maiores baixas
- WEG (WEGE3) -5,93%;
- CSN (CSNA3) -4,93%;
- Gerdau (GGBR4) -4,90%;
- Usiminas (USIM5) -4,32%;
- Locaweb (LWSA3) -3,58%
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*Com informações da Reuters