Ibovespa fecha em queda de 1,43%, com tensões na Ucrânia e commodities; dólar sobe
Bolsa encerrou com perdas de 1,43%, aos 113.528,48 pontos, enquanto a moeda subiu 0,74%, cotada a R$ 5,166; essa foi a maior alta percentual diária em três semanas
O Ibovespa fechou esta quinta-feira (17) em queda de 1,43%, aos 113.528,48 pontos, sob influência de renovadas tensões na Ucrânia nos mercados globais e da queda do minério de ferro, que derrubou ações de Vale e siderúrgicas.
Já o dólar encerrou o dia com valorização de 0,74%, cotado a R$ 5,166, com o agravamento na situação geopolítica servindo de argumento para a retomada das compras após sucessivas quedas que levaram a moeda a mínimas em mais de meio ano.
Na quarta-feira (16), o dólar caiu 0,99%, cotado a R$ 5,129, menor valor desde 29 de julho de 2021. Já o Ibovespa teve alta de 0,31%, aos 115.180,95 pontos – o maior patamar desde 14 de setembro de 2021.
Exterior
A possibilidade de uma invasão da Ucrânia pela Rússia segue afetando os mercados. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que algumas tropas localizadas próximas à Ucrânia estão retornando para suas bases, mas países ocidentais contestam essa versão e dizem que os números na fronteira estão aumentando.
A Rússia também expulsou o vice-embaixador dos Estados Unidos no país, e há informações sobre conflitos no leste da Ucrânia, envolvendo separatistas que, segundo o Ocidente, contam com apoio russo.
A possibilidade maior de invasão da Ucrânia pela Rússia – com uma resposta dos Estados Unidos e aliados – aumenta a aversão a riscos dos investidores e leva à busca pelo dólar.
O cenário ainda não supera, porém, os benefícios para o real e para o Ibovespa de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.
O ciclo está ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.
No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia fazem os preços subirem, já acima dos US$ 90.
Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado.
Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano e migrado para outros vistos como mais resilientes ou baratos.
Com a inflação americana batendo recorde em quatro décadas, o Fed vem dando indicações mais duras aos mercados, mas a ata da última reunião do banco não deixou claro o tamanho e ritmo do aperto que o banco central americano fará, indicando que as decisões ocorrerão a cada reunião pelo contexto econômico.
Qualquer alta de juros no país pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americano ainda mais atrativos para os investidores, pressionando negativamente o real.
Brasil
No radar dos investidores também está a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema tem potencial para afetar negativamente o real e o Ibovespa.
Duas PECs já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara, com cálculos de perda de arrecadação indo de R$ 18 bilhões até R$ 100 bilhões dependendo do conteúdo, mas o foco no momento são dois projetos de lei sobre o tema que podem ser votados na próxima semana.
Um dos PLs determina um valor fixo de cobrança do ICMS para combustíveis, com o tributo estadual deixando de variar seguindo flutuações de preço do produto, e expande o chamado vale-gás para famílias brasileiras.
Já o outro criaria um fundo de estabilização do preço do petróleo e derivados (diesel, gasolina e GLP), com uma nova política de preços internos de venda para distribuidores.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta quinta-feira:
Maiores altas
- Totvs (TOTS3) +5,81%;
- Marfrig (MRFG3) +4,22%;
- Energias BR (ENBR3) +3,63%;
- Sabesp (SBSP3) +1,68%;
- Assaí (ASAI3) +1,53%
Maiores baixas
- CSN (CSNA3) -5,58%;
- Gerdau (GOAU3) -5,39%;
- Gerdau (GGBR4) -5,32%;
- Eztec (EZTC3) -4,30%;
- Usiminas (USIM5) -4,07%
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Você sabe bastante sobre o Ibovespa, mas poderia conhecer um pouquinho mais
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*Com informações da Reuters