Dólar fecha abaixo de R$ 5 pela primeira vez em 10 meses; bolsa sobe pelo 3º dia
Moeda encerrou o dia a R$ R$ 4,94, depois que dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos abaixo do esperado alimentaram otimismo dos investidores com juros
O dólar encerrou esta quarta-feira (12) em queda de 1,34%, negociado a R$ 4,941. É a menor cotação e também a primeira vez em que a moeda fecha abaixo dos R$ 5 em dez meses, desde 9 de junho, quando ficou em R$ 4,906.
O Ibovespa , que subiu mais de 4% na véspera, emendou a terceira alta seguida e fechou a sessão com avanço de 0,666%, aos 106.889,71 pontos.
Os mercados globais ampliaram o apetite por ativos de risco depois da divulgação dos dados da inflação dos Estados Unidos –, que vieram mais fracos do que o esperado e aliviaram os temores de que os juros norte-americanos poderiam subir muito mais.
A notícia veio um dia depois de a inflação brasileira, que teve o dado de março divulgado na terça-feira, também vir mais fraca do que o esperado e alimentar as expectativas por um corte mais acelerado da taxa Selic.
Na véspera, o Ibovespa fechou o dia em alta de 4,29%, aos 106.213,76 pontos, enquanto a moeda norte-americana ficou cotada a R$ 5,008 na venda, em baixa de 1,14%.
O índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) desacelerou pelo nono mês consecutivo em março, com alta de 0,1% na comparação com fevereiro e de 5% nos últimos 12 meses.
Economistas esperavam um aumento anual de 5,2% e um ganho mensal de 0,2%, segundo pesquisa da Reuters.
O CPI é um dos principais medidores de inflação observados pelo Fed, que está no auge de uma campanha de um ano para combater a inflação por meio de aperto monetário e fortes aumentos nas taxas de juros.
“O CPI está olhando para trás e o Fed ainda tem que considerar o quanto de crise de crédito deve ser fatorado na economia”, disse Gina Bolvin, presidente da Bolvin Wealth Management, em comunicado.
Atualmente, os mercados futuros precificam mais de 75% de chance de o banco central norte-americano subir sua taxa básica em 0,25 ponto percentual na reunião do mês que vem.
A perspectiva de juros mais baixos nos EUA joga a favor do real, que fica mais atraente para investidores estrangeiros quando há um amplo diferencial de custos de empréstimo entre Brasil e economias desenvolvidas.
A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que é apontado como fator de impulso para a moeda local há meses.
Mas investidores também têm apontado um desmonte de temores fiscais locais como pilar de sustentação para o real, depois da apresentação pelo governo de uma proposta de uma nova regra para as contas públicas que impede que os gastos federais cresçam mais do que a receita.
“Apesar de visões mistas, sobretudo no que diz respeito à fonte das receitas, a proposta inicial conseguiu trazer alívio ao câmbio”, disse Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
Publicado por Tamara Nassif. Com informações da Reuters