Ibovespa fecha semana com ganhos de 2,7%; dólar acumula desvalorização de 3,58%
Nesta sexta-feira, porém, moeda norte-americana registrou valorização, ainda por conta dos gastos extrateto e indefinições sobre equipe econômica do próximo governo, enquanto bolsa registrou leve alta
O Ibovespa fechou em alta de 0,9% nesta sexta-feira (2), resistindo ao tom mais negativo no exterior, aos 111.923,93, após titubear na sequência de dados de emprego mais fortes que o esperado nos Estados Unidos, chegando a cair abaixo de 110 mil pontos no pior momento, enquanto no Brasil cresce a expectativa de a PEC da Transição representar exceção de R$ 150 bilhões ao teto de gastos.
A sessão mais uma vez foi afetada pela jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo no período da tarde. Na semana, o índice acumula ganhos de 2,7%.
No campo positivo, destaque para o Grupo Natura, com ações registrando valorização de 10,15%, a R$ 12,48. Na outra ponta, Eletrobras ON teve baixa de 4,58%.
O dólar também fechou em alta de 0,31% esta sexta-feira, cotado a R$ 5,214, depois que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva mostrou resistência a reduzir o montante de gastos extrateto embutido na PEC da Transição e se esquivou de perguntas sobre quem será seu ministro da Fazenda.
Já no acumulado da semana, a moeda norte-americana acumula perdas de 3,58%, sua maior depreciação semanal em cerca de um mês, depois de ter recuado 3,85% no acumulado dos três primeiros pregões da semana.
Cenário doméstico
Em meio às persistentes preocupações com o rumo fiscal do país, repercutiram declarações do líder do PT na Câmara dos Deputados, membro da transição de governo, de que o piso para a PEC é de uma exceção de R$ 150 bilhões ao teto de gastos.
O deputado Reginaldo Lopes (MG) também disse que uma exceção ao teto por período mais curto, de dois anos, pode ser o caminho. A PEC original protocolada no Congresso cria uma exceção de até R$ 198 bilhões para gastos fora do teto em 2023. Pelo texto, a medida teria validade por quatro anos. A proposta está tramitando no Senado e a previsão é de que seja votada pelo plenário da Casa na próxima quarta-feira (7).
Na visão de Carlos Belchior, estrategista-chefe da G5 Partners, a PEC proporciona um limite de tempo e de magnitude para a exceção à regra do teto de gastos. “Não é um cheque em branco”, afirmou.
Belchior também avalia que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva adotando um tom mais tranquilo em seus discursos tende a beneficiar a bolsa brasileira, inclusive porque não há muitas alternativas de investimentos entre os emergentes.
Declarações recentes de Lula no mês passado criticando o teto de gastos e que há gastos públicos que têm que ser considerados como investimentos, entre outros comentários, estressaram o mercado brasileiro.
Nesta sexta-feira, o presidente eleito defendeu que o Congresso aprove a PEC da Transição “do jeito que nós queremos”, mas ponderou que sua equipe sabe negociar se necessário.
E, diante da ansiedade no mercado pelo anúncio do seu ministro da Fazenda, Lula afirmou que só deve anunciar os nomes de seu ministério após 12 de dezembro, e que o nome escolhido para a Fazenda terá a cara de seu primeiro mandato.
Questionado se o ex-prefeito Fernando Haddad será seu ministro da Fazenda, Lula disse que não iria responder. “Se eu responder o que você quer você vai saber o que eu penso, então não vou responder.”
Belchior afirmou não enxergar “problema” se Haddad for confirmado para o cargo, desde que ele seja assessorado com outras pessoas com perfil mais técnico.
Cenário externo
Nos Estados Unidos, a criação de vagas de trabalho fora do setor agrícola totalizou 263 mil no mês passado, segundo o Departamento do Trabalho, contra expectativas que apontavam 200 mil empregos em novembro. Os dados de outubro foram revisados para cima.
Na visão do estrategista-chefe da Avenue Securities, William Castro Alves, os dados reforçam a percepção de que ainda há muito trabalho para o Federal Reserve no sentido de desaquecer o mercado de trabalho e evitar uma espiral inflacionária com mais elevações de salários.