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    Ibovespa fecha em queda com Ômicron, Bolsonaro e eleição no radar; dólar sobe

    Moeda norte-americana encerrou esta segunda-feira com avanço de 1,63%, cotada a R$ 5,664

    Da CNN Brasil* , Em São Paulo

    Apesar da famosa frase “ano novo, vida nova”, o mercado nacional ainda segue de olho nos impactos da variante Ômicron da Covid-19, após Estados Unidos e a Europa começarem a adotar medidas restritivas. 

    Milhares de voos foram cancelados no feriado de final de ano, escolas consideram fechar temporariamente, e bancos de Wall Street estão pedindo para funcionários trabalharem de casa.

    Dessa forma, no primeiro dia útil de 2022, o Ibovespa fechou em queda de 0,86%, aos 103.921,59 pontos, enquanto o dólar encerrou a sessão com valorização contra o real, com avanço de 1,63%, cotado a R$ 5,664 – maior alta percentual desde 21 de outubro (+1,90%).

    O principal índice da bolsa ameaçou seguir esse bom humor externo, mas virou para o negativo cerca de uma hora e meia após o início do pregão, diante da queda forte de ações ligadas aos setores de varejo, tecnologia e imobiliário – que sofreram em 2021 com o cenário macroeconômico do país de taxa de juros e inflação em alta.

    Os investidores também monitoraram as movimentações dos servidores públicos federais. Economistas avaliam que o governo abriu “uma caixa de pandora” ao prometer reajuste aos policiais federais.

    Mercado em atenção

    As notícias de paralisações também pesaram sobre a bolsa, diante do risco de aumento de gastos públicos com reajustes. O ano começa com a percepção de que, conforme as eleições se aproximam, o risco de adoção de medidas populistas aumenta.

    Apesar da melhora em dados fiscais recentes, com o setor público consolidado brasileiro registrando superávit primário maior do que o esperado em novembro, “a maior fragilidade nesse fronte diz respeito às pressões por mais gastos permanentes, o que, em ano eleitoral, tende a ser intensificado”, disse em nota matinal Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

    Uma pesquisa realizada pela XP com 91 investidores institucionais (grandes bancos e gestoras) aponta como o mercado espera que o Ibovespa opere caso cada um dos pré-candidatos à Presidência ganhe a eleição.

    Investidores também ficam de olho nas notícias sobre a saúde do presidente Jair Bolsonaro (PL), internado nesta madrugada no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, com uma obstrução intestinal. Segundo o chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, “gera ruídos no mercado”.

    Ações de bancos

    As ações de bancos subiam na bolsa de valores nesta segunda-feira, devolvendo perdas recentes, após o governo federal sancionar a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia sem aplicar compensações temidas pelo setor financeiro.

    Jair Bolsonaro sancionou no último dia de 2021 um projeto de lei que renovou a desoneração de folha para os 17 setores que mais empregam no país por mais dois anos – o benefício se encerraria no final de 2021.

    O governo vinha estudando fontes alternativas de receita para compensar o que deixaria de ser arrecadado com a desoneração. Além de uma possível prorrogação da sobretaxa do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) até 2023, o governo avaliava manter em patamar elevado a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrada de instituições financeiras.

    A possibilidade de mudanças ajudou na queda das ações dos bancos nos últimos pregões, especialmente no dia 30 de dezembro. Bradesco PN e Itaú Unibanco PN, por exemplo, somavam três baixas seguidas até hoje.

    Segundo a Secretaria-Geral da Presidência da República, a compensação fiscal não foi necessária, pois se trata de prorrogação de benefício já existente. O órgão citou uma orientação nesse sentido emitida pelo Tribunal de Contas da União (TCU). No entanto, o Executivo precisou editar uma medida provisória revogando a necessidade de a União compensar o valor da desoneração.

    “Com a correção na metodologia antiga, não haverá criação de nova despesa orçamentária, o que tornou possível sancionar a prorrogação da desoneração com os recursos já existentes no Orçamento”, disse a Secretaria-Geral.

    Veja abaixo os principais destaques do pregão de hoje:

    Maiores altas

    • CSN (CMIN3) +4,60%
    • Bradesco (BBDC4) +2,50%
    • BRF (BRFS3) +3,11%
    • Petrobras (PETR3) +2,67%
    • Itaú (ITUB4) +2,67%

    Maiores baixas

    • Cyrela (CYRE3) -7,98%
    • Magazine Luiza (MGLU3) -6,93%
    • Multiplan (MULT3) -6,78%
    • Alpargatas (ALPA4) -6,94%
    • Grupo Soma (SOMA3) -6,60%

    Dólar

    Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, disse à Reuters que “a alta [da moeda norte-americana] é um reflexo da forte desvalorização do dólar contra o real no pregão anterior”, com “alguns agentes realizando lucro, outros tomando posição em um dólar mais baixo”.

    O movimento do dólar deu indicações de que a questão fiscal seguirá como um importante norteador do mercado de câmbio em 2022, marcado pela eleição presidencial de outubro. Mas nesta sessão a força da moeda no exterior também fez preço nas cotações no Brasil.

    Vale destacar também que, tradicionalmente, juros mais altos nos Estados Unidos prejudicam moedas emergentes por gerarem riscos de êxodo de capital desses mercados.

    O Société Générale chama atenção para três eventos externos de risco nesta semana: dados de inflação na zona do euro, ata da última reunião do banco central norte-americano e números da geração de empregos nos EUA em dezembro.

    “O cenário técnico e a perspectiva de instabilidade macro inicial são potencialmente significativos”, disseram estrategistas do banco em nota.

    A moeda fechou o dia 30 de dezembro em queda de 2,11%, a R$ 5,573 na venda, sua perda diária mais acentuada desde 24 de agosto (-2,25%).

    *Com Reuters e informações de Priscila Yazbek 

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