“Incerteza afeta mais ações da Petrobras do que combustível”, diz professor
Desde 31 de março, as ações preferenciais da petroleira, a PETR4, caíram cerca de 4%


O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o então presidente da Petrobras, o general do Exército Joaquim Silva e Luna, em 28 de março. Porém, até o momento, nenhum outro nome foi definido para o cargo. E as cotação das ações da estatal sofrem com a indecisão.
Em entrevista à CNN, Joelson Sampaio, professor de Economia da FGV EESP, afirmou que “incerteza afeta mais ações da Petrobras do que combustível”. Desde 31 de março, as ações preferenciais da petroleira, a PETR4, caíram cerca de 4%.
O especialista destaca que a falta de decisão afeta a cotação porque existe uma preocupação por parte dos investidores sobre um possível abuso do poder controlador, o governo, já que são acionistas majoritários, ou seja, possuem a maioria dos papéis da companhia.
Como solução para reduzir a volatilidade dos papéis com relação a esse aspecto, Sampaio sugere que o governo indique nomes mais técnicos, que tenham experiências no mercado de energia. “Mas, a gente sempre tem um risco de interferência política”.
O professor de economia detalha ainda que o preço dos combustíveis está mais ligado à cotação da commodity internacional. Por exemplo, os preços do barril chegaram aos US$ 120 em março devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
O petróleo WTI estava cotado a US$ 99,58, com queda de 2,32%, enquanto o brent era US$ 104,34, com desvalorização de 2,14% – ambos os preços por volta das 13h10, horário de Brasília.
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O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico • REUTERS/Vasily Fedosenko
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O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI • Instagram/ Reprodução
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Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar • REUTERS
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Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção • Reuters/Dado Ruvic
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A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 • REUTERS
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Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 • REUTERS/Nick Oxford
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Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 • 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
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A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% • REUTERS/Max Rossi
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A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 • Reuters
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