Estrangeiros retiram mais de R$ 3 bi da bolsa brasileira em novembro e reforçam fuga em 2024
Mês foi marcado pela forte pressão no mercado financeiro com a expectativa de apresentação do pacote de ajuste fiscal pelo governo federal
Investidores estrangeiros retiraram mais de R$ 3 bilhões da bolsa brasileira em novembro, reforçando o cenário de fuga do dólar do mercado doméstico em 2024, segundo dados da consultoria Elos Ayta publicados nesta quarta-feira (4).
O mês passado encerrou com a saída de R$ 3,05 bilhões, o pior desempenho desde junho, mês que encerrou com saldo negativo de R$ 4,23 bilhões
Novembro foi marcado pela forte pressão no mercado financeiro com a expectativa de apresentação do pacote de ajuste fiscal, sinalizado pelo governo federal para após o segundo turno das eleições municipais, findado em 27 de outubro.
Os recorrentes adiamentos do anúncio geraram fortes expectativas entre os investidores, incidindo na queda da bolsa e alta do dólar.
“Com menos dólares no mercado, o real se enfraquece, encarecendo importações e gerando um efeito cascata na inflação. Para empresas listadas na B3, especialmente aquelas com maior exposição internacional ou dependentes de capital externo, a situação pode se tornar ainda mais delicada”, disse Einar Rivero, responsável pelo levantamento.
As medidas foram finalmente apresentadas na semana passada — com expectativa de impacto na ordem de R$ 70 bilhões —, mas reforçaram o mau humor do mercado por virem acompanhadas da proposta de isentar o Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
“Como observador atento desse cenário, não posso deixar de me questionar: o que está por trás dessa fuga? Instabilidade política? Dúvidas sobre a condução econômica? A resposta, provavelmente, é um pouco de tudo. O fato é que o investidor estrangeiro tem mostrado, mês após mês, que a confiança no Brasil está fragilizada”.
Ano reverte avanços
Dos 11 meses até novembro, somente três (julho, agosto e outubro) tiveram saldo positivo na entrada de investidores estrangeiros na B3 neste ano.
O resultado faz a parcial do ano acumular fuga de R$ 25,9 bilhões, revertendo quatro anos seguidos de resultados positivos.
Einar pontua a importância da participação dos investidores no mercado brasileiro, e como a saída desse grupo pressiona os ativos.
“Vale lembrar que o fluxo de investidores estrangeiros não se restringe apenas ao capital em si. Ele influencia diretamente a trajetória do Ibovespa. Saídas consecutivas criam um ciclo de pressão de venda que afeta os principais papéis do índice, comprometendo o desempenho do mercado como um todo”.
“Quando o dinheiro internacional começa a sair, o sinal é claro: há mais dúvidas do que certezas no horizonte. E, em um mercado globalizado, a percepção de risco é tudo”.