Bolsa tem 3º dia de alta com avanço do remédio remdesivir contra COVID-19

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou esta quarta-feira (29) em alta de 2,29%, a 83.170,80 pontos. Foi o terceiro dia de alta seguido e é a maior pontuação em sete semanas – desde 11 de março, quando o Ibovespa fechou a 85.171,13 pontos.

O viés positivo foi apoiado pelo otimismo de mercados do exterior, apesar do ruído político doméstico seguir em pauta. Wall Street também teve um dia de fortes avanços na esteira de balanços positivos de empresas norte-americanas, além de notícias sobre um possível tratamento para a COVID-19. O índice Dow Jones avançou 2,19%, o S&P 500 ganhou 2,66% e o Nasdaq Composite subiu 3,57%.

Um dos motivos para a animação foi o anúncio do laboratório Gilead de que o seu medicamento, o remdesivir, está tendo resultados primários satisfatórios no combate ao novo coronavírus. Além disso, o Federal Reseve (Fed), banco central norte-americano em anúncio feito hoje, manteve os juros do país próximo de zero e afirmou que será agressivo em combater os efeitos da crise.

O desempenho nos mercados foi positivo mesmo após a notícia, divulgada hoje, de que o PIB dos EUA despencou 4,8% no primeiro trimestre. 

No Brasil, investidores dos mercados nacionais acompanharam atentamente uma videoconferência de Guedes, antes da abertura do pregão. No pronunciamento virtual, Guedes reafirmou o discurso do presidente Jair Bolsonaro, de que o governo e sua equipe econômica permanecem em sintonia. O líder da pasta disse que segue “absolutamente igual, com a mesma energia e determinação e apoio do presidente Jair Bolsonaro”, durante a transmissão.

Sobre o PIB brasileiro, o ministro estimou uma queda de 6% para este ano, mas ponderou que o cálculo assume uma contração de 2% causada pelo choque externo, efeito que ainda não apareceu.

De acordo com ele, a ideia de promover grandes obras públicas para aquecer a economia já foi experimentada no passado e não deu certo, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) já deu errado. Você já cavou o buraco, a solução não pode ser cavar mais fundo”, disse Guedes, frisando que é o investimento privado que deve alavancar o PIB, em sua opinião.

Em relação a ajuda direta da União a Estados e municípios, Guedes afirmou que o socorro deve ter o valor de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões e vai ser liberado em breve, após a formatação do texto pelo relator do projeto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Como contrapartida à injeção de recursos, os salários de funcionários públicos devem ser congelados por 18 meses.

Na agenda corporativa do dia, Vale reportou lucro líquido de US$ 239 milhões no primeiro trimestre, ante o prejuízo de US$ 1,64 bilhão no mesmo período do ano passado. A fabricante de motores e de tintas industriais WEG divulgou um lucro líquido de R$ 440 milhões no primeiro trimestre – um aumento de mais de 43% ante mesma etapa de 2019. 

Dois indicadores divulgados na manhã de hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV) também estão no radar. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do Brasil apresentou a maior queda já registrada na série histórica em abril, atingindo nova mínima recorde, sob os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus amargando o sentimento dos empresários.

Outro dado publicado pela instituição foi o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M). A alta dos preços no atacado arrefeceu dez com que o indicador terminasse o mês de abril com avanço de apenas 0,8%, depois de subir 1,24% em março.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, desacelerou a alta a 1,12% em abril, de 1,76% no mês anterior. O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis.

*Com informações da Reuters