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    Por que as ações da Hering dispararam mais de 20% e as do Soma tombaram 10%

    A dona da Farm e da Animale vai desembolsar cerca de R$ 1,5 bilhão em dinheiro e R$ 3,6 bilhões em ações na transação

    Natália Flach, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Os investidores da Hering aprovaram o acordo com o Grupo Soma — dono das marcas Farm e Animale –, ambos focados no varejo de vestuário. Os papéis da Hering (HGTX3) fecharam o pregão desta segunda-feira (26) com alta de 26,19%, para R$ 28,62. Foi a maior alta do Ibovespa hoje. 

    Já os papéis do Grupo Soma (SOMA3) caíram 10,14% para R$ 12,67.

    A explicação para esse comportamento descasado é simples. O Grupo Soma foi agressivo ao oferecer uma quantia de R$ 5,1 bilhões pela marca, sendo que dias antes a Arezzo tinha avaliado a empresa em mais de R$ 3 bilhões, segundo um analista que preferiu não se identificar. “É normal acontecer isso [esse descasamento] em aquisições.”

    Aliás, a conversa entre a Hering e o Grupo Soma começou depois que a Arezzo tentou comprar o controle da empresa catarinense, enviando uma proposta de fusão não solicitada. A Hering rejeitou a oferta, dizendo que não atendia ao “melhor interesse dos acionistas e da própria companhia”.

    Já com o Grupo Soma foi bem diferente. A dona da Farm e da Animale vai desembolsar cerca de R$ 1,5 bilhão em dinheiro e R$ 3,6 bilhões em ações na transação.

    “A Cia. Hering e o Grupo Soma avaliam que a operação será transformacional no que tange a consolidação de uma plataforma de marcas no varejo de moda, ampliando o seu mercado endereçável total, conectando diferentes audiências e abrindo um novo espaço e avenida de crescimento dado o portfólio altamente complementar”, diz a companhia, em fato relevante.

    Analistas de mercado acreditam que o negócio é positivo para ambas. Enquanto para a Hering significa acelerar o processo de retomada de crescimento da receita, para a Soma, alavanca a execução de uma empresa com uma marca forte e canais de vendas complementares (franquias e multimarcas).

    “Foi surpresa, de certa forma, uma vez que a Arezzo vinha brigando para adquirir HGTX e acelerar entrada no segmento de vestuário / moda depois da compra da Reserva”, diz um analista que preferiu não se identificar.

    Em relatório de março sobre os resultados de 2020, Luiz Guanais, Gabriel Savi e Victor Rogatis, analistas do BTG Pactual, disseram que os números do quarto trimestre confirmaram uma melhora operacional gradual para a Hering, que foi ainda duramente afetada pela pandemia.

    “Apesar do baixo desempenho recente, continuamos a ver apenas uma recuperação gradual nos próximos trimestres, ainda atingida pela redução do tráfego de pedestres, aumento do desemprego e redução da intenção de compra das famílias, o que justifica a nossa classificação de Neutro”, escreveram.

    *Com Estadão Conteúdo

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