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    Insuficiência Cardíaca gera perda anual de R$ 6 bi para economia do país, diz estudo

    Dados demonstram que doença crônica atinge mais de dois milhões de brasileiros, sendo mais da metade em idade produtiva

    Isabelle Resendeda CNN , no Rio de Janeiro

    Um levantamento inédito feito pela pelo Centro de Inovação SESI em Saúde Ocupacional estima que a economia brasileira perde, por ano, R$ 6 bilhões em decorrência da redução da produtividade da população em idade ativa provocada pela insuficiência cardíaca, uma doença crônica que atinge mais de 20% dos brasileiros.

    O estudo será entregue nesta quinta-feira (4) ao ministro da saúde Marcelo Queiroga.

    O cálculo levou em conta as despesas relacionadas ao benefício previdenciário concedido aos trabalhadores afastados, somado aos custos com a reposição salarial ou hora extra pagos a terceiros e a perda de produtividade, que tem como base o valor médio agregado por indivíduo (PIB per capita).

    O estudo analisou 41,7 milhões de registros do banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e outros 35,9 milhões de entradas no sistema previdenciário (DataPrev).

    A série histórica avaliada teve início em janeiro de 2018 e junho de 2021.

    Nos últimos quatro anos, a enfermidade gerou um gasto de R$ 1,4 bilhão em hospitalizações para o Sistema Único de Saúde, nos últimos quatro anos, e levou à morte 77.290 pessoas, quase metade delas (47%) na região Sudeste, segundo a pesquisa.

    De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são as principais causas de internação e de mortes no Brasil.

    A pasta estima que mais de dois milhões de brasileiros sofram com a patologia.

    Caracterizada por uma progressiva perda da capacidade de bombear sangue do coração, se descuidada, a doença pode levar à incapacidade a longo prazo, além de comorbidades, altas taxas de internações e uma redução global da expectativa de vida.

    No contexto do sistema de seguridade social nacional, a insuficiência cardíaca (IC) é uma preocupação, pois os pacientes tendem a depender do benefício previdenciário cada vez mais, conforme a doença progride ao longo do tempo.

    De acordo com o estudo, considerando a população total dos estados de São Paulo e Minas Gerais, se gasta aproximadamente R$ 1,47 e R$ 1,11 por pessoa, respectivamente, por mês, com pagamento de benefícios.

    Tendo em vista que nem todos os habitantes que contribuem para o sistema de seguridade social em uma determinada população, é marcante o impacto da doença sobre os contribuintes, afirma o estudo.

    Atualmente, 929 mil brasileiros recebem benefícios previdenciários por causa da IC.

    A cada 100 benefícios, 84 são de duração indeterminada, isto é, aposentadorias e outros benefícios como pensões previdenciárias.

    Os outros 16 beneficiários correspondem a benefícios temporários.

    O que indica que a maior parte dos beneficiários do sistema de seguridade social estão deixando a força de trabalho permanentemente.

    Minas Gerais é o estado com maior número de beneficiários, seguido de Bahia e DF.

    Quanto aos óbitos provocados pela doença, o levantamento aponta que os estados com maior mortalidade por Insuficiência Cardíaca são o que tem maior presença de hospitais especializados e, portanto, sobrecarga de pacientes.

    O coordenador da pesquisa Leon Nascimento explica que essa disparidade regional é fruto da distribuição desigual tanto dos centros especializados no tratamento de doenças do coração, quanto do número de cardiologistas.

    Nesse aspecto, o estado do Rio de Janeiro, que possui uma rede com seis hospitais federais, entre eles o Instituto Nacional do Coração, se destaca com o maior número de óbitos por internação no país, com aproximadamente 8% dos registros.

    “As regiões com maior número de unidades especializadas acabam absorvendo os casos mais graves e complexos de outros estados, como é o caso do Rio e de São Paulo.

    Além disso, esses estados também funcionam como polos de formação de cardiologistas. Quando você vai para as regiões Norte e Nordeste percebe o quanto eles estão desamparados de profissionais especializados para tratar essa doença”.

    Os estados do Norte e Nordeste concentram o menor número de médicos por Unidade da Federação (UF), segundo o levantamento, e por isso, se destacam com maior número de óbitos, principalmente os estados do Maranhão, Pará e Amapá.

    O documento ressalta ainda o baixo investimento no setor de saúde, o atendimento inadequado nos serviços de atendimento na rede de atenção básica, a falta de acompanhamento durante o percurso da doença, os altos custos diretos de tratamento e custos indiretos para o sistema de saúde.

    Procurado pela CNN, o Ministério da Saúde informou que, reconhecendo as doenças cardiovasculares como um significativo problema de saúde pública, tem investido recursos para garantir a detecção precoce, o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento de condições como a Insuficiência Cardíaca e seus fatores de risco no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

    “Com a implementação do Programa Médicos Pelo Brasil, mais médicos qualificados estão sendo direcionados às regiões mais vulneráveis e, com o Programa Previne Brasil, modelo de cofinanciamento federal da Atenção Primária, maior atenção tem sido dada ao acompanhamento e seguimento longitudinal das pessoas com condições crônicas. Por fim, o Ministério da Saúde ressalta que o financiamento e a gestão dos atendimentos do Sistema Único de Saúde perpassam pelos estados e municípios, ficando a cargo dos municípios a gestão direta das equipes e Unidades Básicas de Saúde.”

    Para o médico Alexandre Carloni, coordenador de Produto Medicina da Firjan SESI, a enfermidade deve ser abordada de forma multidisciplinar, envolvendo não somente os pacientes, mas também a família, os cuidadores e gestores de saúde, para minimizar os impactos da síndrome.

    “Os desafios para a promoção da saúde envolvem: acompanhar o paciente, adesão à terapia, acesso ao cardiologista, incentivar o autocuidado e conhecer melhor a doença” afirma o médico.

    Segundo dados do Ministério, em 2021, foram registrados mais de 167 mil atendimentos de pessoas com Insuficiência Cardíaca (IC) na rede de atenção primária à saúde. Em 2022, até o mês de abril, foram registrados mais de 59 mil atendimentos.

    Sinais e sintomas

    A insuficiência cardíaca é um problema de saúde crônico que ocorre quando o coração se torna incapaz de bombear o sangue de forma adequada para os outros órgãos do corpo.

    Essa condição pode impactar na função pulmonar, renal e hepática.

    É uma síndrome complexa, que muitas vezes se desenvolve a partir de outras condições crônicas.Entre os principais sinais e sintomas, estão:

    • Fadiga;
    • Edema de membros inferiores (inchaço nas pernas);
    • Dispnéia (dificuldade para respirar);
    • Ortopnéia (dificuldade para respirar deitado);
    • Intolerância ao exercício físico.

    Outros sintomas também podem ser evidenciados, como tosse durante a noite, perda de apetite, inchaço e dor abdominal, ganho de peso ou perda de peso acentuada ao longo dos meses.

    Diagnóstico e tratamento

    O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência para a pessoa com insuficiência cardíaca, incluindo ações de prevenção e controle, diagnóstico, oferta de medicamentos específicos, orientações e acompanhamento para uma vida mais adequada e saudável.

    O tratamento envolve cuidados diários, controle dos fatores de risco e a utilização correta das medicações, conforme orientação da equipe de saúde.

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