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    Haddad e Campos Neto se reúnem a sós na Índia durante encontro do G20

    Almoço aconteceu a portas fechadas, fora da agenda oficial e sem a presença de assessores

    Thais Herédiada CNN

    São Paulo

    Durante a reunião do G20 na Índia, Fernando Haddad e Roberto Campos Neto abriram espaço na agenda oficial para almoçarem juntos, sozinhos. Segundo apuração da CNN, o encontro foi acertado entre eles, sem a presença de assessores, e durou cerca de uma hora e meia. Este seria um evento natural num ambiente de relações institucionais e complementares entre o Ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central. Não é o caso do Brasil agora, com a profusão de ataques e críticas do novo governo à autoridade monetária.

    Imagens exclusivas obtidas pela coluna mostram Haddad e Campos Neto conversando com Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, minutos antes da sessão de Boas-Vindas do G20. Na cena do vídeo há um clima amigável entre eles, longe de ser apenas protocolar. As imagens e o almoço reforçam a sinalização de que a relação do ministro e o chefe do BC não foi abalada pela animosidade contra Campos Neto, os juros e as metas de inflação liderada pelo presidente Lula e alimentada pelo Partido dos Trabalhadores.

    Outro sinal de trégua veio no discurso de Fernando Haddad aos ministros das finanças e banqueiros centrais do G20. O ministro disse que está preocupado com nível da dívida, especialmente nos países pobres. E sobre os juros, o discurso trouxe uma única linha, sem falar especificamente do Brasil. “A elevação das taxas agrava o cenário de fragilidade da economia internacional”, disse Haddad.

    Segundo apuração de Gustavo Uribe, analista da CNN, havia uma pressão política muito forte para que Haddad criticasse o nível dos juros no Brasil, como a maior taxa real do mundo, dando uma alfinetada em Campos Neto numa mesa internacional. A fala não aconteceu e o discurso do ministro teve um caráter muito mais diplomático do que econômico, ressaltando a importância do multilateralismo e assumindo compromissos para quando o Brasil assumir a presidência do G20 em dezembro deste ano.

    O almoço entre Haddad e Campos Neto pode fortalecer a ponte entre os condutores da política econômica do país, mas dificilmente vai estancar o debate contra atuação do BC e a presença de um integrante apontado por Jair Bolsonaro no governo petista.