Sudeste mostra de forma mais evidente desaceleração do crédito, diz Banco Central
Segundo o BC, em meio à alta dos juros, observou-se redução no ritmo de crescimento do crédito, o que ficou mais evidente no Sudeste
O Banco Central publicou nesta quinta-feira (11) um boxe sobre a evolução do crédito nas regiões do país no primeiro trimestre, dentro do Boletim Regional.
Em geral, o crescimento do crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de 2,4% no período, com elevação de 3,2% na carteira de pessoas físicas (responsável por cerca de 80% da alta nominal) e de 1,2% de empresas.
“Os desdobramentos do mercado de crédito no trimestre denotam evolução ainda robusta, inclusive frente ao primeiro trimestre de 2021.”
Segundo o BC, em meio à alta dos juros, observou-se redução no ritmo de crescimento do crédito, o que ficou mais evidente no Sudeste.
Na região, houve continuidade da expansão da carteira de famílias (3,1%), compensando a relativa estabilidade no estoque de operações para empresas (0,2%).
A autarquia também destacou que, no segmento de pessoas jurídicas, houve queda das carteiras direcionadas na região Norte, Nordeste e, principalmente, Sudeste devido a amortizações dos programas emergenciais.
Por outro lado, houve alta discreta no Sul e no Centro-Oeste, pela expansão do crédito rural.
Já nas operações de empresas no crédito livre, o Centro-Oeste se sobressaiu, em especial pelo financiamento à exportação.
Para o crédito às famílias, por sua vez, Norte e Nordeste apresentaram as maiores taxas de crescimento na carteira livre.
Nas operações com recursos direcionados, também houve liderança relativa do Norte, influenciada pela evolução de financiamentos rurais naquela região.
“O saldo de financiamentos rurais para famílias despontou, além do Norte, no Centro-Oeste, diante de cenário positivo para o agronegócio, conforme mencionado neste Boletim Regional.
Adicionalmente, destacaram-se as operações de cartão de crédito financiado no Nordeste e os financiamentos imobiliários e o crédito pessoal não consignado no Sudeste e Sul”, acrescentou o BC.
Além disso, o órgão destacou que, invertendo a tendência do período anterior, houve avanço do crédito não consignado em todas as regiões do país e do cartão de crédito financiado.
“Esses resultados sugerem o encarecimento de operações para pessoas físicas e podem influenciar a inadimplência na margem.”
Setorialmente, o comércio foi responsável pela maior demanda de crédito no conjunto das regiões no segmento de empresas.
No Sudeste, destacou-se ainda a redução no saldo do crédito à Administração Pública.
Em relação à inadimplência, o BC notou que houve aumento ante o quarto trimestre, com possível impacto da elevação da taxa de juros na carteira de pessoa física.
No segmento, houve alta em todas as regiões, mas principalmente no Nordeste (0,58 p.p.) e no Sudeste (0,40 p.p.).
Já no crédito para empresas, a inadimplência ficou relativamente estável, com exceção do Norte do País, onde houve algum crescimento.
“Em cenário de aumento do nível de preços e juros, no primeiro trimestre de 2022, houve mudanças no perfil de operações PF, com menor crescimento do crédito consignado e incremento significativo das modalidades de maior custo, bem como a acomodação no desempenho agregado do crédito PJ”, disse o BC.
“Essa estabilidade resultou, em boa medida, da expansão de financiamentos relacionados a exportações em contraponto à retração relevante de operações de capital de giro”, completou.