Reforma ‘populista’ do IR tem efeito oposto ao esperado para economia
Além da reforma tributária, ou um reverso dela, a onda de revisões para o PIB e para a inflação que aconteceu nestes últimos dias também impactaram o mercado
A Câmara dos Deputados conseguiu a façanha de aprovar um novo regime para cobrança do Imposto de Renda das pessoas e das empresas que promove alguns efeitos intrigantes: aumenta a carga tributária para grandes empresas e reduz a arrecadação da União, estados e municípios (e aqui tem uma enorme contradição).
Resumindo, o projeto — que ainda deve passar pelo crivo dos senadores –, piora a complexidade do sistema, que já ocupa o lugar de pior do mundo. E, talvez o mais surpreendente: amplia a distância entre os que ganham mais e pagam menos – característica histórica do Brasil.
No episódio de hoje passamos pelas principais repercussões com tributaristas, visão de economistas e os efeitos no mercado financeiro.
Do jeito que está, o projeto vai deixar sempre a pergunta: a empresa cresce porque é o seu caminho, ou ela fica pequena para pagar menos imposto?
Além disso, o economista Bernardo Appy aponta que a proposta aprovada vai piorar a composição da carga tributária brasileira, aumentando peso sobre o consumo e reduzindo sobre a renda.
Isso porque o governo vai isentar do imposto de renda profissionais liberais com renda altíssima, que pode chegar a R$ 100 mil por mês, e cobrar mais tributo dos remédios.
Uma das maiores distorções do sistema brasileiro é exatamente esse desequilíbrio entre a tributação sobre o consumo – que é regressiva – e a sobre a renda – que é progressiva, ou seja, (deveria) cobrar mais de quem ganha mais.
Muitos empresários já começaram a acionar advogados e contadores para entender como podem ser afetados e se já está na hora de começar a fazer algo.
Além da reforma tributária, ou um reverso dela, a onda de revisões para o PIB e para a inflação que aconteceu nestes últimos dias também impactaram o mercado.
É coisa rara encontrar quem acredita que o IPCA vai ficar abaixo de 7% no final do ano, com exceção do ministério da Economia, que prevê 5,9%, segundo Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) que foi para o Congresso.
A bolsa na quinta-feira (2) caiu 2,23% e voltou para o patamar dos 116 mil pontos. Quem mais puxou o índice para baixo foram os bancos que perderam muito, porque terão uma boa fatura a ser paga com o projeto de reforma aprovado.
Já dólar ficou praticamente estável – e isso não é uma boa notícia, porque custa ao país juros maiores nos contratos futuros.
A agenda para esta sexta-feira (3) aguarda dados externos e, claro, a movimentação em Brasília.
Neste episódio do Abertura de Mercado, a comentarista de economia da CNN Thais Herédia ouve especialistas sobre esses receios e fala sobre os acontecimentos dentro e fora do país que impactam diretamente nossa economia.
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