PT aprova resolução defendendo convocação de Campos Neto
Decisão aumenta a pressão que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu entorno tem feito contra a política monetária e a atual taxa básica de juros
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse, nesta segunda-feira (13), que o diretório nacional do partido aprovou uma resolução defendendo que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seja convocado a prestar esclarecimentos ao Congresso sobre a política monetária do BC.
A decisão aumenta a pressão que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu entorno tem feito contra a política monetária e a atual taxa básica de juros (Selic).
“Fizemos esse debate hoje e todos aqui corroboram com a posição do presidente Lula, achamos exagerados os juros que temos, achamos importante rediscutir a meta da inflação. Tiramos um posicionamento do PT de chamar o presidente do Banco Central, convocar o presidente do Banco Central, para fazer explicações ao Congresso”, afirmou Gleisi.
A declaração foi dada por Gleisi em uma entrevista coletiva à imprensa após a reunião do Diretório Nacional do PT. Na prática, trata-se de uma orientação partidária recomendando às bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado que apoiem pedidos para que Campos Neto preste esclarecimentos diante dos parlamentares sobre a política monetária.
A resolução do Diretório Nacional do PT, por si só, não representa nenhuma proposta legislativa, mas, sim, uma orientação aos integrantes do partido de qual posicionamento devem adotar politicamente.
Apesar da orientação do PT de defender a convocação de Campos Neto, o formato de como se daria essa audiência (se seria uma convocação –quando a autoridade é obrigada a comparecer– ou um convite –quando não há essa obrigatoriedade) será definido pelos congressistas. Nos últimos anos, tornou-se praxe aprovar convites a ministros e outras autoridades, evitando o caráter mais impositivo das convocações.
A íntegra da resolução do Diretório Nacional do PT deve ser divulgada somente na manhã de terça-feira (14).
A reunião interna do Partido dos Trabalhadores foi repleta de críticas à política monetária do Banco Central. A CNN apurou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, endossou a crítica de Lula à condução da política monetária por Campos Neto e defendeu que um presidente do BC não pode estar acima do presidente da República nem da política de governo.