Por que Wall Street está obcecada com “spinoffs corporativos”
Nova empresa criada por meio da cisão opera como uma entidade separada com sua própria equipe de gestão e conselho de administração e normalmente tem um foco ou estratégia diferente da empresa controladora
O chamado “spinoff” ocorre quando uma companhia divide uma parte de seus negócios em uma empresa separada. A empresa-mãe pode distribuir ações da nova empresa aos seus acionistas, permitindo-lhes possuir ações em ambas.
A nova empresa criada por meio da cisão opera como uma entidade separada com sua própria equipe de gestão e conselho de administração e normalmente tem um foco ou estratégia diferente da empresa controladora.
Em um ano com notável falta de atividades de fusão e ofertas públicas iniciais (IPOs), as empresas americanas anunciaram 44 novas cisões e concluíram 20 delas, no valor total de US$ 61 bilhões.
A expectativa é de que a bonança continue este ano, dizem analistas do Goldman Sachs. O clima econômico que apoiou a atividade de spinoff no ano passado permanece: taxas de juros crescentes, margens de lucro máximas e crescimento econômico abaixo da tendência.
O que está acontecendo?
Spinoffs podem ser benéficos em todos os aspectos, já que permitem que a controladora se concentre em suas operações principais, enquanto a nova empresa pode operar com maior flexibilidade e focar em suas áreas de negócios específicas.
Esses chamados “SpinCos” geralmente superam suas controladoras, podem impulsionar o crescimento e oferecer um impulso aos acionistas durante anos ruins para o mercado de ações. Isso poderia explicar por que até mesmo algumas empresas bem estabelecidas iniciaram cisões no ano passado.
A General Electric concluiu sua cisão da GE HealthCare (US$ 26 bilhões), seguida pela Mobileye da Intel. Johnson & Johnson, Kellogg e 3M devem criar novas SpinCos este ano.
Problemas no paraíso
Os spinoffs oferecem aos investidores o potencial de maior flexibilidade, modelos de negócios simplificados e equipes de gerenciamento focadas. Wall Street tende a gostar disso.
Das 377 transações de spinoff concluídas desde 1999, as ações das SpinCos superaram as de suas controladoras em uma média de quatro pontos percentuais após o primeiro ano e sete pontos percentuais em dois anos, de acordo com o Goldman Sachs.
Mas no ciclo de 2022, enquanto 11 das 20 spinoffs superaram o S&P 500 desde a conclusão da transação, apenas seis superaram suas entidades controladoras.
Então, o que está acontecendo? “Culpe as margens de lucro mais baixas”, diz o Goldman. Essas empresas menores e recém-formadas ainda estão em processo de se estabelecer no mercado e geralmente têm margens de lucro mais baixas do que a empresa controladora.
Normalmente, essa é uma compensação aceitável pelos investidores se a empresa tiver um forte potencial de crescimento a longo prazo.
Mas não neste ambiente. Custa muito tomar empréstimos hoje em dia e os investidores estão procurando lucros altos e ações de valor, avaliou o Goldman.