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    Pix: Por que os bancos e fintechs querem tanto as suas chaves?

    Os bancos já devem perder bilhões com o fim do TED e do DOC, mas também estão de olho em um filão ainda maior, caso o Pix vire um sucesso: os desbancarizados

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Mesmo se você não quisesse ouvir na palavra Pix, provavelmente o seu banco não o deixaria esquecer. Desde o último dia 5, principalmente. Atualmente, as instituições financeiras estão em uma espécie de corrida pelas chaves, que nada mais são que os seus dados sendo utilizados para fazer uma transferência. Ou seja, esqueça agência e conta: agora, você poderá passar o seu CPF, e-mail ou até mesmo número do celular.

    E os bancos estão se mexendo muito para isso porque, além de ser um mercado novo aberto pelo Banco Central (BC), diversos outros vão se fechar. E isso vai trazer um grande impacto para as empresas.

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    Foto: rupixen.com/Unsplash

    De acordo com um levantamento realizado pela consultoria Bain & Company, nos próximos cinco anos, os bancos vão perder R$ 1 bilhão com o fim das transferências de DOC e TED até 2025. A conta também inclui taxas de cartão de crédito. Afinal, a partir do dia 16 de novembro, tudo poderá ser feito pelo Pix, de maneira gratuita e em apenas dez segundos.

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    Não é um dinheiro tão alto em comparação aos lucros bilionários das empresas. Mas ninguém gosta de perder dinheiro, certo?

    Por isso, a corrida, agora, é tão importante para as empresas. Neste momento, não há uma guerra aberta. Os bancos apenas estão tentando convencer os próprios clientes de que eles, e não os concorrentes, são as melhores opções.

    “É um mercado que vai movimentar bilhões. Quando os bancos viram que não poderiam concorrer contra o Pix, eles passaram a batalhar para manter os seus clientes dentro de casa”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

    E não são apenas os bancos que estão correndo atrás dessas chaves. As fintechs também estão e, inclusive, fazendo promoções. O Nubank, por exemplo, está prometendo prêmios de até R$ 50 mil. O C6 Bank está oferecendo até 6 mil pontos em seu programa de fidelidade. Já o Santander (que não é fintech, é verdade), anunciou que vai sortear dois prêmios de R$ 1 milhão.

    Segundo um ranking divulgado pelo Banco Central com números até às 18h da última quarta-feira, o Nubank lidera com sobras essa briga. 

    Até mesmo empresas que não são nativas financeiras estão tentando convencer seus clientes. O Mercado Pago, que começou como um sistema de meio de pagamento do Mercado Livre, quer seduzir especialmente os vendedores da plataforma (e já o segundo da lista). Um dos argumentos é que ele é mais rápido, prático e, principalmente, mais barato do que os sistemas convencionais de meios de pagamento.

    E esse deve ser o caminho do varejo. Pelo menos, deveria, na visão de Fabrício Winter, sócio e líder de projetos da consultoria Boanerges & Cia, especializada em serviços financeiros.

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    “O varejo ainda não está explorando a inclusão financeira a importância do ecossistema deles”, diz Winter. “E quem vai se destacar será aquele que conseguir, de fato, uma experiência diferente. Não será o Pix por si só que dará esse poder.”

    A gigante de cartões Visa, por exemplo, também está de olho. A companhia está vendendo serviços de prevenção de fraudes e isso fazp arte do plano global da empresa para sair dos “atrasados” cartões e ser vista como uma empresa de tecnologia.

    “Nossa meta é de que os serviços de tecnologia representem dois dígitos das nossas receitas”, disse Fernando Teles, presidente da Visa, em entrevista à Reuters.

    Desbancarizados

    Um dos motivos muito falados pelo BC para justificar o Pix se trata da diminuição da desbancarização. Atualmente, são 45 milhões de brasileiros com mais de 16 anos sem contas bancárias. Para se ter uma ideia, eles movimentam, juntos, R$ 817 bilhões por ano (um pouco menos do que o PIB da Nova Zelândia, que é de cerca de R$ 840 bilhões).

    Os dados são de um estudo do Instituto Locomotiva. Para completar, antes da pandemia, 70% dos brasileiros preferiam usar o dinheiro ao cartão para pagar contas. O motivo? Controle mais facilitado e a possibilidade de pechinchar.

    Com o auxílio emergencial – e a obrigatoriedade de se abrir uma conta digital na Caixa Econômica Federal para o recebimento do benefício –, as coisas podem estar mudando. Ajuda, também,  o fato das pessoas buscarem o menor contato possível por causa da pandemia da Covid-19.

    Mas é cedo, segundo Meirelles, para cravar que o Pix será um sucesso. Porém, é mais cedo ainda falar que as pessoas vão abandonar o dinheiro.

    “Teremos um movimento para evitar com que as pessoas não voltem para o dinheiro vivo, mas os problemas do Pix só vão aparecer quando ele for, de fato, implementado”, diz ele.

    Mas, a partir do dia 16 de novembro, quando tudo começará a funcionar, será possível entender qual vai ser o tamanho do impacto do Pix na vida das pessoas e das empresas.

    “E se o Pix pegar rápido, aí que a ‘porradaria’ vai começar na concorrência”, diz Meirelles. E cifras bilionárias nesse mercado são o que não faltam. 

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