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    Pesquisa: BC deve manter Selic em 13,75% em junho, com expectativa de cortes no 3° tri

    Próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre na quarta-feira (21)

    Por Luana Maria Benedito e Gabriel Burin, da Reuters

    O Banco Central do Brasil (BC) provavelmente manterá a taxa Selic inalterada quando encerrar sua reunião de política monetária de junho, na semana que vem, mas economistas acreditam que a autarquia está próxima de iniciar um ciclo de afrouxamento, provavelmente já no terceiro trimestre.

    Todos os 47 entrevistados em uma pesquisa da Reuters previram que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deixará a taxa básica de juros intacta no atual patamar de 13,75% ao ano –pico desde 2017– pelo sétimo encontro consecutivo quando encerrar a reunião dos dias 20 e 21 de junho, terça e quarta da semana que vem. A sondagem foi realizada entre 12 e 15 de abril.

    O Banco Central vem argumentando há meses que custos de empréstimo elevados são necessários em cenário de processo mais lento de redução da inflação e preocupações com a desancoragem das expectativas, apesar das repetidas críticas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao nível da Selic.

    No entanto, dados divulgados desde o último encontro da autarquia mostraram sinais convincentes de arrefecimento dos preços, com o IPCA de maio desacelerando bem mais do que o esperado, enquanto as expectativas de inflação no boletim semanal Focus têm moderado.

    Esses desdobramentos, por sua vez, elevaram as apostas entre economistas de que o BC iniciará um ciclo de cortes de juros em breve, talvez já no próximo encontro.

    “Dada a queda acelerada da inflação, que colocou a taxa em 12 meses dentro da faixa superior da meta, a probabilidade de cortes de juros é crescente para este ano, embora o ciclo de relaxamento deva ser moderado, de forma que o banco central deixe a porta aberta para ver e esperar como as condições se desenvolvem”, disse Alfredo Coutiño, diretor para América Latina da Moody’s Analytics.

    Vinte de 40 especialistas que responderam a uma pergunta adicional da Reuters disseram que a primeira redução dos custos dos empréstimos pela autoridade monetária virá em agosto.

    Entre eles, 13 preveem de corte de 0,25 ponto percentual e três esperam ajuste mais intenso, de 0,50 ponto. Outros três respondentes não especificaram a magnitude do afrouxamento, enquanto um deles disse estar dividido igualmente entre 0,25 e 0,50 ponto.

    Uma parcela significativa dos economistas sondados com a questão adicional, 16 de 40, espera um corte um pouco mais tarde, no encontro de setembro do Copom.

    Entre eles, nove projetam baixa de 0,50 ponto percentual nos juros, seis apostam em redução de 0,25 ponto e um não detalhou a intensidade do movimento.

    “Em nossa opinião, o recuo das pressões inflacionárias e uma decisão prudente sobre o regime de metas de inflação permitirão ao Copom antecipar o ciclo de flexibilização, cortando a taxa básica de juros em 25 pontos-base em setembro, seguido de duas reduções de 50 pontos-base, uma em novembro e outra em dezembro, levando a taxa Selic para 12,50% ao final de 2023”, disse Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú.

    A próxima decisão de política monetária do BC virá cerca de uma semana antes da reunião em que o Conselho Monetário Nacional (CMN) deve estabelecer a meta de inflação para 2026.

    Em função de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do BC, Roberto Campos Neto, o mercado tem especulado sobre a possibilidade de o CMN determinar que o BC siga objetivo de inflação sem um prazo determinado. Atualmente, a autarquia trabalha com a meta por ano-calendário.

    O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

    Entre os fatores que podem influenciar as decisões de política monetária daqui para frente, alguns participantes do mercado também apontavam a melhora da perspectiva da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco S&P, de “estável” para “positiva”.

    “A decisão da S&P também pode contribuir para reancorar as expectativas de inflação, fortalecendo ainda mais o argumento de cortes mais precoces nas taxas de juros”, disse em relatório a clientes o Citi.

    Para o fim de 2023, a mediana das expectativas dos economistas consultados pela Reuters é de que a Selic fique em 12,25% ao ano. Já a projeção para o fim de 2024 é uma taxa de juros de 9,50%.

    Os prognósticos divergem ligeiramente das estimativas do último boletim Focus, que calculava a Selic em 12,50% ao fim deste ano e em 10,00% ao final do próximo.

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