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    ‘Números são melhores do que o mercado tomou como verdade’, diz presidente do BC

    Em evento, Roberto Campos Neto destacou a melhora muito mais rápida das contas públicas do que o que se chegou a esperar depois da pandemia

    Juliana Eliasdo CNN Business , São Paulo

    O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (24) que dados da economia real, como o crescimento da dívida pública e o horizonte em que a inflação deve voltar a ficar mais baixa, estão melhores do que o está sendo avaliado pelo mercado financeiro.

    Desde junho, indicadores como a cotação do dólar, a bolsa de valores e os juros futuros pioraram rapidamente conforme os investidores e agentes do mercado avaliam que o rumo das contas públicas e o compromisso do governo com elas, o chamado “risco fiscal”, está piorando.

    “Os números estão de fato melhores do que a perspectiva e do que o mercado tem tomado como verdade”, disse Campos Neto, mencionando os resultados que já apontam para uma dívida bruta em relação ao PIB, neste e no próximo ano, muito melhor do que o que se chegou a projetar após os gastos vultuosos do governo em auxílios durante a pandemia.

    “Há seis meses, muita gente falava que a dívida bruta ia chegar a 100% do PIB, e hoje estamos vendo um número muito mais baixo do que isso”, disse o presidente do BC, que participou no início desta noite de um debate no evento virtual Expert XP.

    “Se pegarmos o relatório de antes da pandemia, o que projetávamos para 2022 era algo próximo de 81,5% ou 81,7% [para a relação entre a dívida bruta e o PIB]. Hoje temos uma projeção de 82%. É muito parecido. Então, apesar de todos os ruídos, e entendo a sensibilidade do mercado quanto a isso, quando vemos a figura ampliada vemos um movimento fiscal que teve melhora.”

    Boa parte dessa melhora, como o próprio Campos Neto destacou, vem acontecendo em boa parte por conta da ajuda da inflação: o aumento rápido dos preços faz o valor do PIB avançar mais rápido também, mesmo que a economia não esteja de fato crescendo. Como, porém, a dívida é medida em relação ao PIB, essa proporção foi encolhendo rápido também nos primeiros meses deste ano.

    “De fato houve esse efeito”, disse, “mas um bom pedaço da melhora vem de fatores não associados a isso.”

    Ruídos e descolamento das expectativas

    Ele também destacou o fato de que as expectativas do mercado para os indicadores da economia, como inflação e juros, que são acompanhados pelo BC por meio do boletim semanal Focus, vêm nas últimas semanas descolando das projeções estimadas pelo próprio Banco Central.

    “Geralmente os nossos modelos se assemelham muito com o que o mercado está olhando e ao que vemos lá no Focus, mas, desde a última reunião [no início de agosto] há um pequeno descolamento; o mercado está olhando 2022 um pouco acima”, disse.

    Campos Neto reconheceu que ruídos fiscais recentes, como a polêmica PEC dos Precatórios e as dificuldades da reforma do imposto de renda, podem ter colaborado para essa piora.

    “Eu reconheço que houve ruídos de curto prazo. Tivemos algumas reformas, começando pela tributária, depois a questão dos precatórios, e o mercado passou a associar esses programas a uma vontade do governo de fazer um Bolsa Família mais alto ou mais forte”, disse.

    “O que eu tentei elucidar é que temos um pano de fundo inegavelmente melhor, de expectativa da dívida bruta ao longo do tempo, no nível inclusive do que imaginávamos antes da pandemia (…) e um ruído de curto prazo. Eu quero chamar a atenção do mercado para olhar para além do ruído e ver que os dados mostram, que, de fato, o pano de fundo está melhor.”

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