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    Dólar fecha a R$ 5,03, menor valor em mais de 2 meses; Ibovespa fica estável

    Principal índice da B3 terminou o dia com leve alta de 0,02%, aos 112.323,12 pontos, enquanto a moeda norte-americana desvalorizou 0,91%

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O dólar fechou em queda de 0,91%, cotado a R$ 5,033, nesta segunda-feira (29), com o real beneficiado por um fluxo de entrada de investimentos estrangeiros apoiado nas expectativas positivas do mercado para países exportadores de commodities e por um quadro econômico doméstico mais favorável, com inflação dando sinais de queda e um aparente fim do ciclo de alta de juros.

    Esse foi o menor valor da moeda norte-americana desde 15 de junho, quando encerrou o dia a R$ 5,027. À época, o mercado digeria a decisão do Federal Reserve de subir a taxa de juros em 0,75 ponto percentual.

    Na mínima, a taxa à vista caiu 1,34%, a 5,011 reais, menor valor intradiário desde 13 de junho, dia em que o piso para o dólar ficou abaixo de R$ 5.

    Ibovespa encerrou em leve alta de 0,02%, aos 112.323,12 pontos, deslocado das bolsas do exterior e beneficiado pelo desempenho positivo das ações de bancos e das ligadas ao petróleo, em especial a Petrobras, que subiram mais de 2%.

    O desempenho positivo do mercado brasileiro ocorre mesmo após as mudanças de apostas dos investidores em relação aos juros dos Estados Unidos após o discurso do presidente do Federal Reserve Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole.

    O Banco Central realizou neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de outubro de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

    Na sexta-feira (26), o dólar caiu 0,62%, a R$ 5,079, com recuo de 1,73% na semana. Já o Ibovespa teve queda de 1,09%, aos 112.298,86 pontos, encerrando a semana com alta de 0,73%.

    Petróleo

    Os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos, nesta segunda-feira. A commodity foi apoiada pela possibilidade de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) corte sua oferta, com a temporada de furacões na região do Atlântico também no radar. Além disso, o Irã continuava a negociar com potências um acordo nuclear, por enquanto sem desfecho nesse diálogo.

    O petróleo WTI para outubro fechou em alta de 4,24% (US$ 3,95), em US$ 97,01 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro avançou 3,96% (US$ 3,92), a US$ 102,93, na Intercontinental Exchange (ICE).

    Os contratos já subiam no início do dia, após declarações recentes da Arábia Saudita e aliados de que a Opep+ poderia reduzir a oferta, a fim de equilibrar mais o mercado.

    O ANZ comentava, em relatório a clientes, que a Arábia Saudita se uniu à Líbia e ao Congo na semana passada para apoiar a visão de que pode ser necessário cortar a oferta para estabilizar o mercado.

    Segundo o banco, havia ainda a notícia de que as exportações de petróleo do Casaquistão poderiam ser negativamente afetadas durante meses, com reparos que demoravam mais que o previsto. O ANZ disse também que sinais de demanda mais forte surgiam, com os preços elevados do gás natural levando a maior consumo de diesel e combustíveis derivados de petróleo em geral.

    O Bank of America, por sua vez, afirmava em relatório que de fato pode haver apoio aos preços do carvão e também do petróleo, após rali recente nos preços do gás.

    Em outro relatório, o Swissquote mencionava a potencial redução na oferta da Opep+ e também o fato de que ainda não há acordo entre o Irã e as potências. Caso esse acordo volte a ser fechado com Teerã, os iranianos poderiam expandir suas exportações do óleo.

    Jerome Powell

    Powell destacou que a alta de juros de setembro dependerá dos dados sobre a economia, mas que os números de julho não são suficientes sozinhos para indicar uma queda da inflação nos Estados Unidos.

    Ele reforçou que a política monetária do país precisará ser restritiva por mais tempo para reduzir os preços.

    Os comentários de Powell foram considerados duros em relação à inflação, reforçando apostas em uma elevação de juros de 0,75 ponto percentual em setembro, que seria a terceira consecutiva nessa magnitude. O cenário é benéfico para o dólar, mas ruins para as bolsas em todo o mundo.

    Para alguns, o banco central será menos agressivo, com alta de 0,5 ponto percentual, para impactar menos a economia do país. Outros apontam que a economia ainda está aquecida, em especial o mercado de trabalho, permitindo uma elevação mais agressiva, de 0,75 p.p.

    Sentimento global

    A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.

    O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.

    No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

    Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, ainda podendo ser prejudicados caso haja uma retomada do pessimismo.

    Sobe e desce da B3

    Veja os principais destaques do pregão desta segunda-feira:

    Maiores altas

    • Banco Pan (BPAN4) +10,74%;
    • Vibra (VBBR3) +2,88%;
    • CVC (CVCB3) +2,62%;
    • PetroRio (PRIO3) +2,52%;
    • Petrobras (PETR4) +2,50%

    Maiores baixas

    • IRB Brasil (IRBR3) -5,58%;
    • Usiminas (USIM5) -5,19%;
    • Hapvida (HAPV3) -4,84%;
    • CSN (CSNA3) -3,40%;
    • Gol (GOLL4) -3,40%

    *Com informações da Reuters e da Agência Estado 

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