Dólar fecha em queda de 1,26%, a R$ 5,10, e Ibovespa sobe 2,13% com commodities
Moeda norte-americana encerrou o pregão no menor patamar em 1 semana e na maior desvalorização em 11 dias; principal índice da B3 retoma os 112 mil pontos
O dólar fechou em queda de 1,26%, a R$ 5,098, nesta terça-feira (23), refletindo um fluxo favorável de entrada de investimentos estrangeiros no Brasil ligado à perspectiva de um aumento da demanda chinesa por commodities.
O declínio percentual é o mais intenso desde 12 de agosto (-1,66%), e a cotação é a mais baixa para um encerramento desde o último dia 15 (R$ 5,092).
Já o Ibovespa teve alta de 2,13%, aos 112.857,10 pontos, beneficiado pela perspectiva positiva para as commodities, com as ações ligadas ao petróleo e ao minério de ferro entre as principais altas do dia.
Esse foi o maior desempenho do índice desde 12 de agosto, quando subiu 2,78%. À época, uma bateria de resultados corporativos, a disparada de Petrobras e as apostas relacionadas aos juros nos Estados Unidos e no Brasil asseguraram o melhor desempenho no ano.
A economia da China deu novos sinais de desaceleração neste mês, e o governo intensificou esforços para aquecer a atividade, com cortes de juros.
A expectativa do mercado é que as medidas aumentem a compra de produtos exportados por países como o Brasil, além de uma demanda maior por commodities agrícolas conforme a nação enfrenta uma forte seca, reduzindo sua produção própria.
No radar dos investidores também estava a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos que podem dar pistas sobre os próximos passos do ciclo de alta de juros no país, assim como um discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
Os dirigentes do Fed já indicaram que as próximas elevações de juros serão feitas dependendo dos dados que forem divulgados entre cada reunião, com isso reforçando o peso de indicadores e a influência desses dados no comportamento e apostas do mercado.
Na segunda-feira (22), o dólar teve leve queda de 0,09%, a R$ 5,164. Já o Ibovespa caiu 0,89%, aos 110.500,53 pontos.
Petróleo
Os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos de mais de 3% nesta terça-feira, favorecidos em grande parte pelo enfraquecimento do dólar.
Além disso, do lado da oferta, investidores seguem monitorando as negociações para um eventual novo acordo nuclear com o Irã e também a produção da commodity pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
O petróleo WTI para outubro fechou em alta de 3,74% (US$ 3,38), a US$ 93,74 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Já o Brent para o mesmo mês, na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 3,88% (US$ 3,74), a US$ 100,22 o barril.
O economista Edward Moya, da Oanda, destaca que os preços do petróleo estão subindo, já que o rali do dólar parou abruptamente, devido a preocupações com o crescimento.
“Um enfraquecimento da economia dos EUA deve ser uma má notícia para o petróleo, mas as leituras econômicas suaves de hoje sugerem que a Opep+ poderá facilmente justificar os cortes de produção em breve. O mercado de petróleo permanecerá apertado se a atividade de negócios continuar a enfraquecer acentuadamente ou se o crescimento econômico permanecer instável”, analisa, em relatório enviado a clientes.
Minério de ferro
Os preços do minério de ferro e do aço na China subiram nesta terça-feira, com o último corte da taxa de empréstimo do governo chinês impulsionando o sentimento do mercado, enquanto a demanda parecia destinada a melhorar antes da alta temporada para construção.
O minério de ferro mais negociado em janeiro na Dalian Commodity Exchange fechou em alta de 2,5%, a 705 iuanes (US$ 102,71) a tonelada, e o contrato de vergalhão mais ativo da Shanghai Futures Exchange encerrou com alta de 1,7%, a 4.052 iuanes por tonelada.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de minério mais negociado para setembro subiu 1,6%, para US$ 103,35 a tonelada.
“Normalmente setembro e outubro são os meses de pico de construção. (Há uma) pressa para concluir os projetos antes que chegue o inverno e faça muito frio. Já estamos quase no final de agosto”, disse Zenon Ho, analista da corretora Marex.
Sentimento global
A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo da expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.
O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.
No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto. Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, ainda podendo ser prejudicados caso haja uma retomada do pessimismo.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta terça-feira:
Maiores altas
- Americanas (AMER3) +15,91%;
- Usiminas (USIM5) +9,72%;
- Meliuz (CASH3) +9,32%;
- CSN (CSNA3) +9,29%;
- Magazine Luiza (MGLU3) +8,64%
Maiores baixas
- Multiplan (MULT3) -2,56%;
- CCR (CCRO3) -1,62%;
- Iguatemi (IGTI11) -1,35%;
- JBS (JBSS3) -1,29%;
- Energisa (ENGI11) -1,24%
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*Com informações da Reuters e da Agência Estado