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    Livraria Saraiva fecha acordo que pode encerrar recuperação judicial

    Empresa aprovou junto a uma parte de seus credores a conversão de sua dívida em ações, o que a transformará em uma companhia de capital pulverizado na Bolsa

    Fernanda Guimarães, do Estadão Conteúdo

    A Livraria Saraiva deu aquele que pode ser o último passo para se despedir de sua recuperação judicial, que já dura cerca de quatro anos.

    Dessa vez, conseguiu aprovar junto a uma parte de seus credores a conversão de sua dívida em ações.

    Tal processo, depois de finalizado, transformará a empresa, fundada há mais de 100 anos pela família Saraiva, em uma companhia de capital pulverizado na Bolsa. Ou seja, sem controle definido.

    Em junho, a companhia já tinha feito um movimento relevante na tentativa de se reerguer: vendeu o ponto de uma loja no Shopping Ibirapuera, em São Paulo, hoje alugada pela varejista Centauro, além de créditos tributários repassados a um fundo pertencente ao BTG Pactual – com o que conseguiu abater uma parte relevante de sua dívida.

    Na proposta de conversão de seus débitos, a Saraiva transformará R$ 163 milhões em ações, amortecendo os efeitos do endividamento em seu balanço, que ainda ficará com cerca de R$ 300 milhões em dívidas dentro do processo de recuperação judicial – menos da metade do valor com que a rede iniciou o ano.

    Os credores que não aceitaram a conversão começarão a ser pagos em 2026.

    Para não haver pressão nas ações da Saraiva na Bolsa, o acordo estabeleceu um período de bloqueio para a venda dos papéis da rede de livrarias no mercado, conforme fontes.

    Agora, a expectativa é de que a mesma proposta seja direcionada aos credores de fora da recuperação judicial, o que envolve um montante de aproximadamente R$ 60 milhões.

    Hoje, aproximadamente 90% das dívidas trabalhistas da empresa já foram pagas.

    Internamente, o processo de conversão da dívida encaminha a empresa para sua saída da recuperação judicial, apesar de alguns credores ainda defenderem a manutenção desse status para se acompanhar o pagamento da dívida.

    Há agora a expectativa de que a despedida desse processo possa ocorrer em um prazo de três a seis meses.

    Retomada

    Na Saraiva, o clima é de ganho de fôlego e os planos voltam a mirar crescimento.

    Conforme apurou o Estadão, já estão na mesa planos de crescimento – algo impensável para a empresa ao longo dos últimos anos – para ganho de mais fluxo de caixa.

    Mais recentemente, as lojas da rede passaram a organizar eventos, como leituras para crianças, para atrair público de volta para a livraria.

    No último relatório divulgado nos autos do processo, o administrador judicial, a RV3, informou que a Saraiva registrou um prejuízo de R$ 22 milhões de janeiro a maio deste ano, valor menor do que os R$ 37 milhões de perdas no mesmo intervalo do ano passado.

    De acordo com o mais recente resultado da empresa, referente a março, a Saraiva tinha 34 lojas. No início de 2017, um ano antes da recuperação judicial, eram 113 unidades.

    A mineira Leitura, que assumiu algumas lojas que anteriormente eram da Saraiva, é hoje a líder do setor.
    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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