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    Juros altos desencorajam consumo e podem frear economia; entenda

    Selic em 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016, encarece financiamento de carros, imóveis, eletrodomésticos e eletrônicos

    Pedro Zanattada CNN , em São Paulo

    A taxa de juros em patamares mais altos podem desencorajar o consumo e, consequentemente, congelar a economia, avaliam especialistas ouvidos pela CNN. 

    A taxa básica de juros, a Selic, está atualmente em 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016. As expectativas agora se voltam para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central (BC), nos dias 21 e 22 deste mês.

    Ramon Coser, especialista da Valor Investimentos, explica que a atual taxa resulta no encarecimento do financiamento de carros, imóveis, eletrodomésticos e eletrônicos, muito comuns no Brasil, uma vez que o crédito se torna mais caro.

    “Os juros altos tornam caro o custo do financiamento do carro. Então as pessoas deixam de comprar veículos, por exemplo”, diz Coser.

    Patrícia Krause, economista-chefe para a América Latina da Coface, lembra ainda que os dados da confiança do consumidor também apresentaram queda no último mês. Segundo ela, ainda que a Selic esteja estável, “a taxa média de juros do sistema bancário segue em ascensão”.

    “Isso por conta de uma deterioração dos indicadores de inadimplência, assim como uma percepção maior de risco. Isso acaba afetando as famílias, em um momento que já estão endividadas. Logo, afeta o consumo e a propensão do consumo”, afirmou.

    Em cinco anos, o número de brasileiros inadimplentes passou de 59,3 milhões, em janeiro de 2018, para 70,1 milhões, em janeiro de 2023, um recorde na série histórica. Como mostrou um estudo inédito da Serasa Experian.

    O valor das dívidas também cresceu. Em média, cada inadimplente deve R$ 4.612,30. Em janeiro de 2018, era R$ 3.926,40. Houve um crescimento de 19% no período.

    Krause reforça que o congelamento da economia se dá justamente pelo encarecimento do crédito e a menor demanda pelos bens dependentes do mesmo. A economista lembra ainda que os investimentos se tornam mais caros.

    “Temos o impacto pela ótica da demanda. A parte de consumo que é afetada pela piora das condições de crédito, os bens mais dependentes de crédito como veículos, eletrônicos, eletrodomésticos são menos adquiridos. Além disso, os investimentos. Com uma taxa mais alta, isso inibe novos investimentos uma vez que o custo é mais elevado”, disse.

    Uma das frentes pela qual o novo governo prevê impactar nas próximas decisões do Copom é a reforma tributária e a nova regra fiscal que deve ser apresentada pela Fazenda.

    Nesta segunda-feira (13), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, defendeu que a reforma tributária somada à nova ancoragem fiscal vão ajudar numa “redução de taxa de juros extremamente necessária” e contribuir para o aumento de exportações com redução do acúmulo de crédito.

    “A inflação não é de demanda, não faz sentido uma taxa tão alta. Não é a Selic que vai resolver”, comentou. Nas últimas semanas, o presidente Lula reclamou sobre a taxa Selic de 13,75% e da gestão de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central.

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