Investimentos na bolsa estão menos concentrados em poucas ações; veja preferidas
As dez ações mais negociadas concentraram 36,59% do capital que circulou no mercado à vista em 2020, segundo levantamento feito pela consultoria Economática
O volume financeiro médio negociado diariamente na B3 nunca esteve tão distribuído entre as ações listadas na bolsa de valores paulista como no ano passado.
As dez ações mais negociadas concentraram 36,59% do capital que circulou no mercado à vista em 2020, segundo levantamento feito pela empresa de informações financeiras Economática. Quando consideradas apenas as cinco ações mais negociadas, essa porcentagem vai para 24,54%.
Para se ter uma ideia, de 2000 a 2018, as dez ações mais negociadas concentravam de 40% a 55% do capital. Esse número esteve no pico em 1998, quando era de 86,78%. Naquele ano, só a ação preferencial da Telebrás era alvo de 58,25% do capital que entrava na bolsa. Em segundo lugar, com uma enorme distância, vinha a ação preferencial da Petrobras, com 7,01%.
Já em 2021, a ação mais negociada, a ordinária da Vale, absorve 10,15% do volume médio diário anual da B3, seguida pela preferencial da Petrobras, com 6,49%.
Mercado mais maduro e conveniente
Apesar de ainda estar focado nas chamadas “blue chips”, o grupo das empresas mais valiosas, o mercado de ações brasileiro já foi muito mais concentrado. Hoje, além de estar mais maduro em relação aos padrões de governança e mais acessível a investidores menores, também é mais conveniente, já que é um caminho natural para quem busca rentabilidade.
“Com a taxa básica de juros em sua mínima histórica e a perspectiva de que vai continuar baixa, os investidores começam a querer investir mais em ativos de renda variável”, diz Gustavo Aranha, sócio e diretor de distribuição na Geo Capital. “De outro lado, com maior demanda do investidor e juros baixos propiciando um valuation das empresas mais alto, as companhias também têm mais incentivo para abrir capital“, diz. Esse movimento é uma tendência, segundo ele, e deve propiciar uma menor concentração de capital ao longo do tempo.
Na década de 1990, por outro lado, as empresas de maior capitalização na bolsa eram as estatais, já que o nível de representatividade dos setores e empresas no setor privado era muito baixo, diz Paloma Brum, analista da Toro Investimentos. “Nesse cenário, quando o investidor ia fazer uma escolha, tinha poucas empresas para considerar. Mesmo porque, o acesso à informação era muito mais restrito. Hoje, dá para abrir uma plataforma no celular e analisar uma empresa. Naquela época, era preciso correr atrás dos dados”, diz.
Só no ano passado, a B3 ganhou mais de 3 milhões de investidores pessoa física até meados de outubro, um aumento de 80% em relação ao mesmo período de 2019. Do lado das companhias, foram registradas 27 ofertas primárias de ações, ante apenas cinco do ano anterior. Este ano promete continuar quente nesse setor: 13 empresas já estrearam na B3 em 2021, cinco pediram autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fazer o mesmo e 37 operações já estão em análise.
Paloma Brum ressalta, porém, que esse movimento positivo só é possível por conta de avanços no cenário macroeconômico do país, com destaque para o encaminhamento de pautas importantes em 2017, como a reforma previdenciária e o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos públicos.
As preferidas
Apesar de o ambiente ter ficado mais amigável tanto para as empresas quanto para os investidores, a maioria das companhias mais negociadas hoje já era popular há trinta anos.
Segundo o levantamento da Economática, a ação preferencial da Petrobras (PETR4) está presente entre as dez mais negociadas há 28 anos. A preferencial do Bradesco (BBDC4), há 25 anos.
Veja quais são as ações mais presentes nas escolhas dos investidores ao longo das últimas três décadas: