Grau de investimento ainda depende de melhora fiscal, diz Loyola à CNN
Decisão da agência Fitch de melhorar a nota para o Brasil "surpreendeu neste momento", segundo o especialista
O ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, afirmou nesta quinta-feira (27) à CNN que a volta do Brasil ao status de grau de investimento ainda depende de uma real melhora da situação fiscal do país, especialmente do endividamento.
A redução da relação entre dívida pública e PIB “seria o ideal para que o Brasil pudesse voltar a ser um grau de investimento nas agências de rating”, avalia.
Na quarta-feira (26), a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou de “BB-” para “BB” a nota de crédito do Brasil. Com isso, o país fica a “dois passos” de atingir o chamado “grau de investimento”, que abarca os países com classificação entre “BBB” e “AAA”, nota máxima, o chamado triple A.
Loyola se mostrou surpreso com a elevação da nota de crédito do Brasil, aguardada pelo economista apenas para o fim do ano, após a aprovação da reforma tributária.
Embora o economista ainda aguarde avanços, ele avalia que o marco fiscal já aprovado no país “evitou que houvesse uma explosão da dívida nos próximos anos, mas ele é claramente insuficiente para reduzir a relação entre dívida e PIB do país”.
Além disso, outras reformas ainda precisam ser aprovadas, como a reforma administrativa, “ainda tem um caminho grande a ser percorrido”, disse à CNN.
Por esse motivo, a decisão da agência de melhorar a nota para o Brasil “surpreendeu neste momento”, segundo o ex-presidente do Banco Central (BC).
Trajetória do país
Para chegar no momento atual, o especialista afirma que a perspectiva melhor das agências sobre o país dependeram “quase que totalmente da política”.
Isso porque a agenda econômica do país tem muito a ver com mudanças que precisam ser sancionadas pelo Congresso. É o caso da reforma tributária e da reforma administrativa.
“O congresso atual tem sido até uma espécie de guardião das conquistas de administrações anteriores, como o marco do saneamento”.
Além disso, ele explica que o Legislativo, “não apenas pode ajudar a avançar a agenda, como pode ajudar a preservar as reformas anteriores, que contribuíram muito para que o Brasil começasse a entrar nessa rota de melhora da classificação de risco”, afirma.
*Produzido por Renata Souza e Ana Beatriz Dias