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    Ex-diretor do BC: Pressões inflacionárias podem seguir impactando juro em 2022

    Cenário de alta dos juros não deve se reverter tão cedo, visto que a economia enfrenta um arcabouço de pressões inflacionárias, diz Júlio Senna à CNN

    do CNN Brasil Business, em São Paulo*

     

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou pela quarta vez consecutiva a taxa básica de juros, que subiu 1 ponto percentual nesta quarta-feira (4), de 4,25% para 5,35% ao ano. Uma alta desta magnitude não era anunciada há 18 anos. E esse cenário de alta dos juros não deve se reverter tão cedo, visto que a economia enfrenta um arcabouço de pressões inflacionárias.

    “Pelo menos um componente do processo inflacionário que estamos vendo é muito novo. Alta de preços de commoditie e problemas de energia a gente já conhece bem — não que sejam fáceis de administrar –, mas essa confluência de problemas com os gargalos na produção provocados pela pandemia deixa o cenário muito difícil para previsões”, diz o ex-diretor do Banco Central José Júlio Senna à CNN Brasil.

     

    “Estamos vendo transporte marítimo internacional engargalado, navios que não chegam nos portos, o que prejudica o suprimento. Isso vem junto a uma demanda que se desviou para bens físicos. A gente tem pressões inflacionárias difíceis de prever. Que mecanismos eu posso usar para prever o futuro da inflação de bens industriais? Não tem como. Então existe uma possibilidade de as pressões inflacionárias continuarem até o ano que vem e, nesse caso, o BC será obrigado a continuar fazer o que ele está fazendo”, diz.

    Choques vem de todos os lados

    Os choques inflacionários, que interferem diretamente da decisão de política monetária do BC, vêm de toda parte, ressalta Senna, além do mencionado segmento manufatureiro, com os gargalos da oferta, que interrompeu e dificultou o suprimento dos bens.

    “As famílias no mundo inteiro deixaram de consumir certos serviços para absorver determinados bens físicos, então os produtos industriais estão subindo, os serviços começam a subir agora com a reabertura da economia, os preços administrados estão subindo, e como o BC apontou ainda hoje, existe ainda a perspectiva muito ruim causada pela crise hídrica, e agora pela outra questão climática que são as geadas, o clima frio que prejudica bens de alimentação”, diz.

    “É muito difícil dizer se a pancada é suficiente ou não, mas o BC fez o que precisava fazer”, diz ele sobre o aumento de 1 ponto anunciado hoje.

    *Publicado por Ligia Tuon

    Banco Central
    Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

     

     

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